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Dom Walmor considera barganha oferta de apoio a Bolsonaro

Paulo César de Oliveira
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O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo (foto), defendeu o alinhamento das TVs e rádios de inspiração católica à doutrina da Igreja. Arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor sustentou em artigo divulgado pela entidade, que os veículos não se equiparam a um “negócio particular” e, caso atuem de forma isolada, correm o risco de fazer “escolhas equivocadas” e “propor o que não condiz com as lições de Jesus Cristo”. O arcebispo diz que o serviço de comunicação católico enfrenta desafios de um contexto sociopolítico “contaminado pelas disputas de poder, busca pela efetivação de domínios e acúmulo de dinheiro”. Ele condena “superficialidades e invencionices” e pede tratamento adequado a personalismos alimentados por “desvios religiosos nefastos”.

 

Veículos não podem dispensar alinhamento com a igreja

“O envolvimento de diferentes atores no processo comunicacional das mídias católicas, com as suas especificidades, nuances e impostações, não pode dispensar o alinhamento doutrinal com a Igreja e, consequentemente, o compromisso com a evangelização. Não são permitidas superficialidades ou invencionices na comunicação da Igreja que possam desfigurar a beleza e a inteireza da fé cristã católica. Arriscados personalismos, alimentados por desvios religiosos nefastos, merecem adequado tratamento”, escreveu o clérigo em seu artigo.“ A Igreja Católica, com seus meios de comunicação – televisivos, radiofônicos, impressos, digitais, em redes – interage com os muitos fluxos relacionais da sociedade. Enfrenta batalhas, interesses e até mesmo embates desiguais. A Igreja enfrenta essa luta valendo-se de plataformas e mecanismos que ecoam a fé cristã. Um caminho desafiador que não pode ser trilhado isoladamente, compreendendo a comunicação católica como negócio particular, sob pena de se perder rumos, fazer escolhas equivocadas e, até por desespero, propor o que não condiz com as lições de Jesus Cristo.” O artigo do arcebispo é uma reação à oferta de apoio ao governo Jair Bolsonaro, vinda de dirigentes de rádios e TVs de inspiração católica, com pedido ao presidente pela ampliação do alcance de suas redes de radiodifusão e por verbas, na forma de publicidade estatal. Revelado em reportagem do Estadão, o flerte de padres e leigos com o presidente, durante uma videoconferência, causou repercussão na Igreja e explicitou divergências no episcopado. A reunião ocorreu por iniciativa do governo, que busca reforçar laços para conter o desgaste da imagem do presidente – a CNBB não foi convidada pelo Palácio do Planalto e considerou que houve “barganha”.

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