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Economia brasileira emite sinais alarmantes

Paulo César de Oliveira
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Cresce entre representantes do setor produtivo e analistas econômicos e financeiros o entendimento de que os problemas enfrentados pelo país não são em decorrência do relacionamento difícil entre o Governo e o Congresso Nacional. A saída estaria em uma Assembleia Nacional Constituinte para solucionar os entraves que impedem o Brasil de avançar, segundo o presidente da publicação Mercado Comum, o economista Carlos Alberto Teixeira de Oliveira (foto). O país, segundo ele, está crescendo no ritmo do rabo de cavalo: para trás e para baixo. E a situação se agrava a cada momento.

 

O rebaixamento da nota do Brasil pela agência Standard & Poor’s é um indicativo de um 2016 difícil?

Já era esperado. Outros rebaixamentos virão e a divulgação dos 4% de queda no setor de serviço, é semelhante ao PIB de 2015, que ainda não foi fechado. O grande problema é a sinalização para o futuro. Há indicativos de que o PIB deste ano pode cair em até 5%. Nós estamos no ritmo do rabo de cavalo, crescendo para trás e para baixo. Com um endividamento crescendo e com a expectativa de chegar até o final do governo Dilma superando 100% do PIB. Acho que a situação está começando a entrar no grau de sinalização vermelha, alarmante. É preciso reverter esse quadro e recriar condições que inspirem a credibilidade e a confiança no governo. Sem essas premissas nós não vamos resolver essa situação que está aí hoje no Brasil. O motor da economia é a confiança e a credibilidade. País que não cresce é país condenado. Se nós tivéssemos crescendo 2 ou 3% do PIB, provavelmente a maior parte dos nossos problemas estaria resolvida. O problema é que estamos indo para baixo.

 

Se prevalecer esse quadro qual a tendência?

Eu não acredito em caos porque a nossa economia é muito pujante e ela sempre mostrou, historicamente, uma capacidade enorme de se reencontrar e superar entraves. Ainda sou muito otimista em relação ao Brasil, mas acho que nós estamos sendo induzidos a uma situação em que vai acabar virando um rolo compressor e só vai piorando. Falta ao país um planejamento estratégico de médio e longo prazo, que faça a reconciliação com o crescimento econômico.  Se nós não voltarmos a crescer, estaremos entre os piores países do mundo.

 

Com a vitória da presidente Dilma na queda de braço com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pela liderança do PMDB, a situação tende a se acalmar?

A questão não se resume a Câmara e a Senado. Não se resume ao quadro político. A grande questão é a de que será preciso se mexer na Constituição. Temos que fazer uma revisão da Constituição. Na época em que ela foi lançada, em 1988, o momento era adequado. Hoje as circunstancias são outras e o grande entrave do país agora se chama Constituição Federal. Estou entre os que defendem a uma revisão constitucional exclusiva já. Hoje qualquer um que venha substituir a Dilma, ou ela própria, serão absolutamente incapazes de resolver os problemas do país, porque a constituição nos remete a profundos desequilíbrios, como o contingenciamento de 93% do orçamento a despesas vinculadas. Não tem administração que consegue lidar com uma camisa de força como esta. Se esses impasses não forem resolvidos, o Brasil vai continuar da maneira como está.

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