A urgência das medidas sanitárias e econômicas prevalece sobre toda e qualquer outra consideração sobre a pandemia no momento. É, contudo, indispensável registrar que temos todos nós brasileiros, um encontro marcado mais adiante com realidades que sempre preferimos ocultar: a carência de recursos humanos e o sucateamento da estrutura material do SUS; a inadmissível situação de saneamento básico no País, um horror medieval; os ultrajantes lucros dos nossos bancos e, em paralelo, suas exorbitantes taxas de spread/juros para crédito (que sempre tentam justificar com histórias da carochinha), sem iguais no planeta – tudo isso num oligopólio de meia dúzia que faz o que quer com 210 milhões de brasileiros; os privilégios sem fim das castas mais poderosas do funcionalismo público, em oposição à enorme maioria do funcionalismo mais humilde, dos trabalhadores da iniciativa privada e dos micro e pequenos empresários, que correm todos os riscos e não têm qualquer garantia. E, por fim, outro encontro marcado, este dos 7 bilhões de pessoas no planeta: o comércio legal e ilegal de animais silvestres, coisa desumana, abominável, enormemente prejudicial ao meio ambiente e que dizima espécies, movido por crendices populares sobre supostos poderes curativos. A necessidade de proteína animal pode e deve ser satisfeita com a criação dos animais comuns e normais, domesticados há milênios, sempre em condições adequadas, sem crueldade, sem imundície, sem abuso de hormônios e de antibióticos. Se a cultura de alguns povos tiver de mudar, que mude, já e para sempre; o que não dá é para o mundo inteiro pagar a conta.