Uma crise entrando na outra. É assim que se desenha a paisagem dos últimos dias. Convivemos com a maior crise sanitária dos últimos 100 anos e sofremos com a crise na economia, que não dá sinais de grande alento. Também padecemos de uma crise crônica na política, que continua a operar os velhos métodos, e reabre o que já se chama de “tratoraço”, nos moldes dos tempos dos “anões do orçamento”. A crise hídrica, com a carência de chuva em algumas regiões e que, segundo palavras do próprio presidente da República, vai dar “dor de cabeça” na população. Sob essa teia emaranhada espraia-se a crise social, com o empobrecimento de milhões de habitantes do meio-baixo da pirâmide, a classe média C, que já se desloca para a D.
Previsões furadas
Quando eventos incomuns e de grande impacto e amplitude no comportamento econômico se apresentam, o que se observa é que a distância entre previsão e realidade se alarga e a capacidade de antecipar vai por água abaixo. O mesmo se dá quando afloram mudanças de paradigma, que, em geral, se formam em conta gotas e evoluem em movimentos menos visíveis. A pandemia da covid-19 está por trás dos grandes choques simultâneos de oferta e demanda, que atropelaram a atividade econômica em todas as regiões do planeta. E no Brasil ainda se sujeita ao humor presidencial, capaz de provocar retaliações. Difícil prever o que pode ocorrer em nosso país com razoável chance de qualquer acerto.