Com 31 meses de governo, o presidente Jair Bolsonaro (foto) mostra, enfim, a que veio. Veio para ser mais do mesmo assim como vieram Collor, e até Jânio, que venceram seus adversários construindo um palanque de mudanças, de seriedade e, acima de tudo, de combate a corrupção. Bolsonaro assinou a capitulação, entregando seu governo aos que prometeu combater, numa tentativa de se segurar no cargo e na expectativa de se manter candidato à reeleição. Bem, imaginemos que consiga permanecer presidente e que arrume um partido para chamar de seu, que lhe dê legenda para disputar a reeleição. Bom, com qual discurso subirá no palanque? Desta vez não poderá ficar apenas nas bravatas, na braveza de prender e arrebentar os corruptos- até por ter muita gente muito próxima, metida nelas- para ganhar votos. Terá que mostrar o que fez no primeiro mandato. E, do muito que prometeu nos palanques, não conseguiu realizar quase nada. Não por culpa dele, dirão os defensores mais aguerridos. Totalmente não, claro. Grande parte da culpa cabe à equipe que não soube escolher. É assim mesmo que acontece com os que têm medo de verem sua liderança contestada. Preferem os sabujos aos competentes, a ameaça ao diálogo. Bolsonaro tem agora menos de um ano para dar uma virada em seu governo. Nove meses, no máximo, pois a partir daí terá pela frente a campanha eleitoral nas ruas e até mesmo a legislação, que tolhe muito as ações dos governantes em ano de eleição. E aí, quantos dos que está cooptando agora com promessas de mando e verba, ainda terá ao seu lado lá na frente? Os novos aliados são voláteis, na linguagem popular, são como birutas de aeroporto, que viram para onde o vento toca. E para esta semana Bolsonaro promete uma lufada que poderá assanhar aliados e adversários, muito provavelmente mais, muito mais, os que deixaram de ser adversários para se tornarem inimigos. Ele prometeu apresentar, nesta semana, as provas que diz ter de que o processo eleitoral brasileiro é sujeito a fraudes e que, ele mesmo foi vítima delas, nas eleições de 2018. Bolsonaro, com o apoio de alguns auxiliares mais ousados- especialmente militares- tenta seguir os passos de seu ídolo Donald Trump que, sabendo-se derrotado na tentativa de reeleição, tentou tumultuar o processo eleitoral, denunciando supostas fraudes. Tentavam um golpe que lá não deu certo. Nem daria, pois, ao contrário de nós, o povo americano não tem tradição, nem apoia golpes. Pelo menos os internos. Aqui, Bolsonaro garante que provará. Se conseguir, o que ninguém acredita, nem mesmo os aliados mais sensatos, ganha uma sobrevida. Se não, ganha mais inimigos e assiste, com certeza, debandada de parte do grupo que conseguiu aliciar com promessas de cargos e verbas. Um grupo leal apenas ao Poder que sente, de longe, o cheiro da derrota. Assim com sente o cheiro de carne se deteriorando, mas que ainda serve para alguma refeição. (Foto reprodução internet)