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Ministro da Saúde abre uma boa discussão

Paulo César de Oliveira
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Como se já não bastassem as discussões que enfrenta, em razão das propostas de reformas que apresentou ao Congresso, mexendo com velhos tabus, o presidente Temer tem tudo para arrumar outra sarna para se coçar. Desta vez foi o ministro da Saúde, Ricardo Barros que foi dizer, lá nos Estados Unidos, em um seminário que discutia o Brasil, que há desperdício de dinheiro do SUS com o excesso de exames solicitados por médicos. Segundo ele, nos casos de exames de imagens, normalmente os mais caros, 80% não mostram qualquer anormalidade e seriam, perfeitamente dispensáveis, pois servem apenas para os médicos dividirem responsabilidades em seus diagnósticos. Barros (foto) mexeu em vespeiro, mas, reconheça-se, abriu o bom combate. Esta é uma discussão antiga e o assunto preocupa não apenas o sistema público, mas também, e talvez principalmente, o privado. São excessivos os gastos com exames que nada apresentam e são até, muitas vezes, mal indicados. Entre os próprios médicos há quem defenda a realização dos exames, pela impossibilidade do profissional realizar uma consulta mais detalhada, conversando mais demoradamente com o cliente para, talvez, chegar a um resultado conclusivo, sem exames. Os mais radicais, embora admitindo que o médico é obrigado a atender muitos pacientes, impedindo assim exames mais detalhados, afirmam que falta mesmo é conhecimento técnico a muitos profissionais, muitos mesmos, que, parecem, não terem levado a sério a cadeira de semiologia durante o curso de graduação. A semiologia é relacionada aos sinais e sintomas das enfermidades. Quem não levou a matéria a sério, certamente tem dificuldades em diagnosticar as enfermidades sem os exames. Mas tem também o lado do paciente, para quem médico bom é aquele que pede exames. E quanto mais sofisticados melhor, na sua visão é o profissional. Para os médicos que atendem na rede pública, há um outro problema. Este profissional, segundo quem conhece do assunto, é obrigado a praticar uma espécie de “medicina defensiva”. É compelido a pedir exames de toda ordem, mesmo que muito demorados, para não correr risco de enfrentar a fúria processante do Ministério Público, que vai cobrar dele um melhor atendimento ao paciente, com pedidos de exames vários. Bem, qualquer que seja a razão, o ministro Barros levantou um assunto que precisa ser debatido com mais seriedade. Não se quer reduzir a quantidade de exames necessários. O ministro apenas advertiu quanto aos gastos desnecessários que impedem a melhoria dos serviços.

 

A semana só não será politicamente mais complicada para o governo, por causa do previsível esvaziamento do Congresso, fato corriqueiro nas proximidades de feriados prolongados. É que o relator da comissão da reforma trabalhista na Câmara Federal, deputado Rogério Marinho, disse que apresenta seu relatório na quarta ou quinta-feira, antes do feriado da Semana Santa. E nele está a proposta de término da contribuição sindical obrigatória. A companheirada vai chiar.

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