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O preço do acordo

Paulo César de Oliveira
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Bem, está fechado o acordo entre o Governo de Minas e a Vale. Serão R$ 37 bilhões para cobrir os prejuízos ambientais, sociais e econômicos pelo rompimento da barragem de Brumadinho, um desastre sem precedentes na história do país. Há pontos nebulosos no acordo que precisam ser explicados à população. O mais intrigando é exatamente sobre o valor a ser pago. Entre o que o governo de Minas anunciou como justo e necessário e o que acabou aceitando, há uma diferença de R$ 20 bilhões valor, que não poderia ser dispensado simplesmente para abreviar o acerto. Minas apresentou levantamentos, baseados não se sabe bem em que, cobrando uma indenização de R$ 57 bilhões- o Ministério Público Estadual falava em R$ 54 bilhões- mas acabou aceitando pouco mais de R$ 37 bilhões oferecidos pela Vale. É preciso que alguém explique esta diferença nos cálculos. Ou a proposta de Minas se baseou apenas na velha estratégia dos advogados, especialmente os da área trabalhista, de pedir o dobro para fechar pela metade? Como ocorrerão os desembolsos é outro ponto pouco claro que precisa ser melhor detalhado tanto pela Vale quanto pelo governo de Minas. Mas há um ponto em especial que chama a atenção: a obra do rodoanel metropolitano de Belo Horizonte. Aos mais crédulos, a finalização do acordo financeiro com a Vale parecia que iria impulsionar e agilizar a obra que faz parte dos discursos de palanque há mais de vinte anos. Mas esta não é a realidade. O governo de Minas já anunciou que o rodoanel estará inteiramente concluído, com a participação da iniciativa privada, através de concessão, em 2030, seis anos após o início das obras, previsto para 2024. É preciso lembrar que JK construiu Brasília em cinco anos- incluindo a fase de projeto- e que a Pirâmide de Quéops, a maior delas e uma das maravilhas da arquitetura mundial, demorou 25 anos para ser concluída, mas isto 2550 anos antes de Cristo. O governo anunciou com pompa que o rodoanel, segundo estudos do DER, vai reduzir significativamente o trânsito no Anel Rodoviário de BH e com isto o número de acidentes. Serão anualmente mil acidentes a menos só com a melhoria das condições de tráfego. Fica uma pergunta: para nestes nove anos- que poderão ser dezoito, considerando que falamos de obra pública- o que será feito para evitar mortes e prejuízos no Anel? Em tempo: a obra do Rodoanel vem sendo contestada pelos ambientalistas. Sinal de que pode ficar mesmo para 2040.

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Comentários

  • Otto Levy

    8 de fevereiro de 2021

    Prezado PCO, Existe uma diferença entre o que é pedido , e o que é conseguido. O estado definiu 26, 7 bilhões de danos sócio econômicos ambientais e o MP 28 bilhões de danos morais . Este é o pedido . Quando vc vai a julgamento vc não sabe o q o juiz irá arbitrar , pode ser 54 , pode ser zero. Esse processo poderia levar de 10 a 15 anos até correr todas as instâncias . E a chance dos 54 reduziria fortemente. Mas se considerarmos 54 bilhões daqui 10 anos e trazer a Valor presente , seria 35 bilhões, ou seja um acordo melhor q a pedida. E comparando: viaduto Pedro I , sete anos e nada , estamos sem viaduto, viaduto gameleira 50 anos e nada . Mariana 4,5 bilhão para MG e ÉS com um dano sócio econômico muito maior . Ou seja esse acordo foi 16 vezes melhor q Mariana , sem falar q ações individuais continuam assim como as criminais. https://www.otempo.com.br/opiniao/vittorio-medioli/dia-historico-1.2444393
  • Marly Narciso Lessa.

    8 de fevereiro de 2021

    O projeto para o uso do dinheiro pago pela Vale, que inicialmente seriam 57 bilhões, baixou para 54 bilhões e Só foram pagos 37 bilhões, está tão nebuloso que ao dissipar a névoa está sujeito os moradores de Brumadinho ficarem a ver navios fantasmas onde antes era o mar de lama formado pela barragem rompida, da Vale !
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