Bem, está fechado o acordo entre o Governo de Minas e a Vale. Serão R$ 37 bilhões para cobrir os prejuízos ambientais, sociais e econômicos pelo rompimento da barragem de Brumadinho, um desastre sem precedentes na história do país. Há pontos nebulosos no acordo que precisam ser explicados à população. O mais intrigando é exatamente sobre o valor a ser pago. Entre o que o governo de Minas anunciou como justo e necessário e o que acabou aceitando, há uma diferença de R$ 20 bilhões valor, que não poderia ser dispensado simplesmente para abreviar o acerto. Minas apresentou levantamentos, baseados não se sabe bem em que, cobrando uma indenização de R$ 57 bilhões- o Ministério Público Estadual falava em R$ 54 bilhões- mas acabou aceitando pouco mais de R$ 37 bilhões oferecidos pela Vale. É preciso que alguém explique esta diferença nos cálculos. Ou a proposta de Minas se baseou apenas na velha estratégia dos advogados, especialmente os da área trabalhista, de pedir o dobro para fechar pela metade? Como ocorrerão os desembolsos é outro ponto pouco claro que precisa ser melhor detalhado tanto pela Vale quanto pelo governo de Minas. Mas há um ponto em especial que chama a atenção: a obra do rodoanel metropolitano de Belo Horizonte. Aos mais crédulos, a finalização do acordo financeiro com a Vale parecia que iria impulsionar e agilizar a obra que faz parte dos discursos de palanque há mais de vinte anos. Mas esta não é a realidade. O governo de Minas já anunciou que o rodoanel estará inteiramente concluído, com a participação da iniciativa privada, através de concessão, em 2030, seis anos após o início das obras, previsto para 2024. É preciso lembrar que JK construiu Brasília em cinco anos- incluindo a fase de projeto- e que a Pirâmide de Quéops, a maior delas e uma das maravilhas da arquitetura mundial, demorou 25 anos para ser concluída, mas isto 2550 anos antes de Cristo. O governo anunciou com pompa que o rodoanel, segundo estudos do DER, vai reduzir significativamente o trânsito no Anel Rodoviário de BH e com isto o número de acidentes. Serão anualmente mil acidentes a menos só com a melhoria das condições de tráfego. Fica uma pergunta: para nestes nove anos- que poderão ser dezoito, considerando que falamos de obra pública- o que será feito para evitar mortes e prejuízos no Anel? Em tempo: a obra do Rodoanel vem sendo contestada pelos ambientalistas. Sinal de que pode ficar mesmo para 2040.
Comentários
Otto Levy
8 de fevereiro de 2021
Marly Narciso Lessa.
8 de fevereiro de 2021