O desabafo da professora catarinense Márcia Friggi (foto), acusando a sociedade brasileira de ter desamparado os professores é uma verdade que não pode deixar de ser reconhecida por todos nós. O rosto inchado e sujo de sangue da professora, agredida por um aluno de 15 anos, posto fora da sala de aula por desacato, é o retrato de uma sociedade que decidiu terceirizar a criação de seus filhos, escolhendo a escola como local para estacioná-los e os professores como tutores. Tutores amarrados em suas ações por leis e pais agressivos, que não admitem que seus filhinhos sejam repreendidos. Não lhes dão educação, acham que isto cabe à escola, confundindo escolarização com educação para o convívio social, e ainda querem que os professores tenham com seus filhinhos a paciência e o carinho que não conseguem dar-lhes dentro de casa. É hora de dar um basta nesta situação que, diga-se, é mais comum em escolas públicas, mas não é exclusividade delas. Diariamente professores sofrem agressões verbais e físicas de alunos e pais sem que haja uma ação efetiva de autoridades e da sociedade. Ao contrário, o que se vê são autoridades que vivem no “país de Alice”, superprotegendo semi adultos em seus atos mais bestiais. São pais que confundem amor com superproteção dos filhos. Márcia Frigg não é, nem tentem fazer dela isto, uma mártir da educação. Ela apenas teve a coragem de ir para as redes sociais denunciar, não apenas o monstrinho de 15 anos, hoje certamente herói de sua galera, mas toda a sociedade que se omite em casos assim. Como nas agressões a médicos nos postos de saúde. É hora de a sociedade exigir um basta em situações assim. Cobramos, à boca pequena, claro, pois não temos coragem de nos manifestarmos publicamente, punição aos políticos corruptos, mas não exigimos providências contra pais e seus filhinhos que fazem milhares de Márcias Friggi país afora. Que tipo de sociedade estamos construindo? Uma sociedade que agride professores, médicos e matam policiais?