O novo colapso de barragem de rejeitos de mineração envolvendo a mineradora Vale pode mudar completamente o rumo das negociações no entorno de uma ação de R$ 155 bilhões movida contra a Samarco e suas controladoras (Vale e BHP), no âmbito de tragédia ocorrida há três anos, afirmou, em entrevista à Agência Reuters ontem o procurador da República, José Adércio Sampaio (foto). Coordenador da força-tarefa do Rio Doce, criada pelo Ministério Público Federal para investigar o caso Samarco, Sampaio ponderou. no entanto, que ainda é preciso investigar as causas do novo desastre, que ocorreu na sexta-feira com o rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG). Na tragédia anterior, uma barragem da Samarco se rompeu em novembro de 2015, em Mariana, também em Minas Gerais, deixando 19 mortos, centenas de desabrigados e poluindo o rio Doce em toda a sua extensão, até o mar no Espírito Santo, no maior desastre ambiental do Brasil. “A ação de 155 bilhões de reais está suspensa por conta das negociações. Mas tudo depende, agora apareceu esse fato superveniente e isso pode mudar completamente o roteiro das negociações”, afirmou Sampaio. A ação foi movida no passado pelo MPF e é uma das diversas ações que foram interpostas contra as três mineradoras. Autoridades vem negociando ao longo dos anos e alguns acordos já foram finalizados, como um relacionado à governança do programa de reparação às vítimas, buscando maior participação de comunidades atingidas. “É preciso investigar o que acarretou esse (novo) rompimento, se foram as mesmas causas do caso Samarco: falta de monitoramento, informações incompletas, descuido”, disse Sampaio, destacando que o MPF está realizando investigações e que a ênfase agora é a assistência às vítimas e suas famílias.