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Polícia vai apurar agressões a Taís Araújo

Paulo César de Oliveira
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A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, por meio de nota, informou ontem (2), que o diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), Ronaldo Oliveira, após tomar conhecimento dos comentários sobre racismo que envolveu a atriz Taís Araújo (foto), determinou à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) a instauração de um inquérito para apurar o crime de racismo. A atriz será ouvida e os autores identificados serão intimados para depor. Na tarde de domingo (1º) comentários em apoio à atriz Taís Araújo, vítima de racismo no Facebook, ganharam destaque nas redes sociais. A hashtag #somosTodosTaisAraujo ficou entre os trend topics, assuntos mais tuitados em um determinado momento, no Brasil. A atriz agradeceu os internautas em seu perfil no Facebook.

 

Mensagens arquivadas para lembrar covardes

Os ataques racistas aconteceram na noite de sábado. No domingo a atriz divulgou um texto no qual diz que não irá apagar os comentários, tudo será registrado e enviado à polícia. No Facebook, diz que denunciou, junto com outros usuários da rede, os perfis dos agressores. “Faço questão que todos sintam o mesmo que senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena nesse país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça. Sigo o que sei fazer de melhor: trabalhar. Se a minha imagem ou a imagem da minha família te incomoda, o problema é exclusivamente seu!”, escreveu a atriz no texto, dirigindo-se aos autores das postagens racistas. Taís Araújo acrescentou que, por coincidência, no momento em que as postagens racistas foram feitas, ela estava encenando “O Topo da Montanha”, um texto sobre Martin Luther King que trata de afeto, tolerância e igualdade. “Quero que esse episódio sirva de exemplo: sempre que você encontrar qualquer forma de discriminação, denuncie. Não se cale, mostre que você não tem vergonha de ser o que é e continue incomodando os covardes. Só assim vamos construir um Brasil mais civilizado”. Ao longo do dia, Taís Araújo recebeu mais de 40 mil comentários de apoio. Muitos internautas trocaram as fotos do perfil por fotos da atriz. O racismo é crime no Brasil e, por lei, quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, pode ser condenado a reclusão de um a três anos e além de pagar multa.

 

Aplicativo vai identificar agressores

Um aplicativo na internet vai monitorar postagens nas redes sociais que reproduzam mensagens de ódio, racismo, intolerância e que promovam a violência. Criado pelo Laboratório de Estudos em Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o instrumento será lançado este mês e permitirá que usuários sejam identificados e denunciados. De acordo com o professor responsável pelo projeto, Fábio Malini, os direitos humanos são vistos de maneira pejorativa na internet e discursos de ódio tem ganhado fôlego. “É preciso desmantelar esse processo”, defende. Por meio da disponibilização dos dados, ele acredita que é possível criar políticas públicas “que amparem e empoderem as vítimas”. Encomendado pelo Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, o Monitor de Direitos Humanos, como foi batizado o aplicativo, buscará palavras-chaves em conversas que estimulem violência sexual contra mulheres, racismo e discriminação contra negros, índios, imigrantes, gays, lésbicas, travestis e transexuais. Os dados ficarão disponíveis online.

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