Pesquisadores demonstraram que o ambiente em que uma pessoa vive e se desenvolve contribui para modular o número de células que identificam cada cheiro, além da constituição genética do indivíduo. O funcionamento e a constituição do nariz de pessoas expostas a diferentes cheiros acabam por se desenvolver também de formas diferentes. A descoberta veio do estudo de 17 pesquisadores dos Estados Unidos, da Inglaterra e do Brasil. Entre eles, está o grupo coordenado pelo professor Fábio Papes (foto), do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde foi realizado o estudo histológico e molecular detalhado do tecido olfativo de camundongos, com o objetivo de verificar como os genes envolvidos no funcionamento da percepção de cheiros estão expressos na cavidade nasal. “Não se trata do efeito que a experiência do indivíduo exerce sobre como o cérebro interpreta as informações sensoriais, o que poderia ser considerado como memória olfativa, mas na construção de fato do tecido olfativo”, disse o professor Fábio Papes. Segundo ele, “a construção celular e molecular do tecido olfativo, em um determinado momento, é preparada não só pelos genes do organismo, mas também pela sua história de vida”.