A tragédia de Mariana completa, hoje, um ano. É coisa para ser lembrada sempre para que nunca seja esquecida. Os dezenove mortos, vítimas do rompimento da barragem no distrito de Bento Rodrigues. Os milhares de peixes e outros animais mortos pelo mar de lama. As casas e plantações destruídas. A terra tornada estéril pelo acúmulo de rejeitos. A água que se tornou imprópria para o consumo humano e de animais. As lembranças e sonhos soterrados pela lama não podem ficar esquecidos, sem punições e ressarcimentos. Mas também não podem se prestar à demagogia barata de grupos e pessoas que têm usado o desastre, um dos maiores da atividade de mineração do mundo, para se promoverem. Que se louve a ação dos exaltados pois são eles que não queixam as injustiças ficarem sem punição. Mas que se separe o joio do trigo, dos que tratam o assunto com a seriedade que ele exige, dos que querem apenas dele se aproveitar para pirotecnias ideológicas e, no mais das vezes, partidárias. Não se pode aceitar, também, que instituições públicas das quais se exige isenção para formar com clareza suas convicções, que vão embasar sua atuação, se misturem com movimentos que, mesmo formados, em alguns casos, por idealistas, não têm compromissos com a seriedade. Descompromissos que se evidencia quando se vê praticamente o mesmo grupo de militantes exigindo punição imediata dos culpados, com a mesma veemência com que defendem o direito a ampla defesa para culpados de outros crimes. Tão graves como o ambiental que sustentam ter ocorrido, sem admitir qualquer hipótese de acidente. Tem sido lamentável até aqui a atuação do Poder Público neste caso do desastre de Mariana, envolvendo uma barragem de rejeitos da Samarco. Desde o momento inicial, salvo a ação dos que cuidaram de salvar vidas e resgatar mortos, o que se vê é um enorme despreparo para tratar com coisas sérias. Agem como “macacos em casa de louça”, mais destruindo do que construindo soluções. O açodamento em decisões deixa claro o despreparo para o trato de questões graves. Ensina a vida que cada problema tem um tamanho. Quem deseja solucioná-los, tem que colocar um a um sobre o colo, dar-lhe a dimensão correta, nem maior, nem menor do que ele realmente é, e encontrar a melhor solução. O açodamento, senhores, pavimenta o caminho da impunidade e da gastança desnecessária.