O mundo está prestes a enfrentar um desafio inédito em sua história recente: o despovoamento. A queda contínua das taxas de natalidade, já evidente em diversas partes do planeta, indica que, até o fim do século, a população global pode iniciar um processo de retração estrutural. Esse cenário subverte a lógica que sustentou o modelo econômico moderno, o do crescimento populacional constante, força de trabalho abundante e expansão contínua dos mercados consumidores. O impacto do despovoamento vai além da demografia. Menos gente significa menos inovação, já que boa parte das disrupções tecnológicas foi protagonizada por mentes jovens, impulsionadas por ambientes densos e vibrantes. A escala também sofre. Mercados menores reduzem o potencial de difusão de novas tecnologias e afetam a lógica de financiamento da inovação. O desafio do século XXI não será o excesso, mas a ausência de braços, de ideias, de escala. Para evitar que a desaceleração demográfica vire estagnação, será preciso reinventar o conceito de desenvolvimento, com menos gente, mas com mais inteligência. (foto/reprodução internet)