A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu nesse sábado que atualmente “não há evidências” de que pessoas que se recuperaram da Covid-19 e possuem anticorpos estejam protegidas de uma segunda infecção pelo coronavírus. Um briefing científico, da agência das Nações Unidas, que é presidida pelo etíope Tedros Adhanom (foto), alertou governos contra a emissão de “passaportes de imunidade” ou “certificados de livre de riscos” às pessoas que foram infectadas, uma vez que sua precisão não pode ser garantida. A prática poderia, na verdade, aumentar os riscos de propagação contínua da doença, à medida que pessoas que se recuperaram podem ignorar conselhos sobre as precauções que devem ser tomadas contra o vírus, disse a entidade. “Alguns governos sugeriram que a detecção de anticorpos ao SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19, poderia servir como a base para um ‘passaporte de imunidade’, ou ‘certificado de livre de riscos’, que permitiria a indivíduos viajar ou voltar para casa, assumindo que eles estariam protegidos contra a reinfecção”, disse a OMS.
Um passaporte nada confiável
O Chile anunciou na semana passada que começaria a distribuir “passaportes de saúde” para pessoas consideradas recuperadas da doença. Uma vez rastreado o desenvolvimento de anticorpos para torná-las imunes ao vírus, elas poderiam retornar imediatamente ao trabalho. No começo do mês, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que estava negociando com um parceiro da Inglaterra a implementação do “passaporte da imunidade”, sem entrar em detalhes sobre o projeto. A OMS disse que continua avaliando evidências sobre as respostas de anticorpos ao vírus, que surgiu na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado. Cerca de 2,8 milhões de pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o mundo, sendo que 196.298 morreram segundo últimos levantamentos*.