A insatisfação de Beatriz Cerqueira, coordenadora do Sind-UTE e presidente regional da CUT, manifestada através das redes sociais, com o governador Fernando Pimentel, pode até ser saudada pelas oposições por representar uma importante cisão na base de apoio social do governo petista, mas é lamentável para toda a sociedade. A líder de uma greve de 110 dias no governo “tucano”, se rebela agora não em defesa de causas mais nobres, mas em defesa de cargos, de nomeações de apadrinhados do sindicalismo. O mérito do desabafo é expor as entranhas dos acordos políticos-eleitorais, meramente fisiológicos, sem qualquer conteúdo programático. Ela protesta pelo descumprimento de acerto que previa a nomeação de pessoas escolhidas “pelos coletivos” sindicais para as Superintendências Regionais de Educação, preteridos agora para que o governo atenda outros compromissos de campanha: os acordos com os políticos. Lamentável que Beatriz Cerqueira deixe de apoiar o governo pelas nomeações não cumpridas. Tão lamentável quanto o fato de ela ter apoiado, e feito campanha usando os sindicatos, a candidatura petista/peemedebista, por causa das nomeações prometidas. Em momento algum a sindicalista considerou os preceitos da Lei Delegado 181, em seu artigo 41, que determina a certificação, feita através de provas, para a escolha dos superintendentes. O governo passou por cima da lei, assim como Beatriz queria que ele fizesse para nomear os indicados pelos sindicalistas. Na prática, ela critica o governo por ações que ela defende, desde que beneficie o seu grupo. A coordenadora do Sind-UTE promete agora, também através da rede social, mobilizar professores e outros trabalhadores da educação, para cobrar do governo o cumprimento das promessas de pagamento do piso salarial, de implantação de plano de carreira e outros benefícios para a categoria. Uma pauta bem mais nobre do que a que motivou seu protesto.