O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot (foto), presta um desserviço ao país com esta história de procrastinar a decisão sobre pedir ou não a abertura de inquérito para apurar a participação de políticos, como corruptos ou corruptores, no escândalo da Petrobras. Não é diferente o comportamento do Supremo Tribunal Federal ao impor o sigilo em torno dos possíveis envolvidos no escândalo, com mandato ou não, mas com militância partidária. Qual a razão do sigilo, qual a razão de tanta dúvida sobre investigar políticos? Eles não são diferentes dos empresários que a Justiça e o Procurador insistem em manter presos. Aliás, se fossemos mais rigorosos, a pena aos políticos deveriam ser mais duras. Afinal, traíram a confiança do povo que lhes deu mandato para representá-lo, não para fazer falcatruas e corrupção. Prefiro acreditar que não, mas este jogo de empurra parece uma estratégia para mudar o foco do caso. Tirar dele a característica de um crime com objetivos políticos, de manter grupos no Poder, para transformá-lo em imperdoável conluio entre empresários para, em “tenebrosas transações”, subtrair bilhões da pátria mãe gentil.