Governo quer ser humilde para ouvir

O governo Dilma agora quer se mostrar “humilde”. Este adjetivo de dois gêneros, que tanto serve para o governo quanto para a presidenta, foi largamente utilizado ontem, em entrevistas e discursos de ministros e da própria Dilma. Escalado para analisar as manifestações de domingo, juntamente com seu companheiro, o ministro da justiça José Eduardo Cardozo, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (foto), falou em humildade seis vezes, em entrevista no Palácio do Planalto. Braga e Cardozo garantiram que o governo Dilma está pronto para “com humildade” ouvir as manifestações. À tarde, depois de cerimônia de sanção do novo Código de Processo Civil Brasileiro, aprovado no ano passado pelo Congresso, foi a vez da presidente garantir que, com humildade, está disposta a ouvir e se deixar convencer por aliados e oposicionistas. Só não abre mão dos ajustes na economia que considera essenciais. A presidente prometeu que o Governo agirá com rigor contra os corruptos, sem admitir que alguns de seus membros estão envolvidos em casos de corrupção. Para não dizer que seu governo está inteiramente certo, admitiu que houve erro na administração do Fies. Segundo ela, o governo não deveria ter deixado com a iniciativa privada o controle das matrículas dos alunos beneficiados pelo Fies. Vai agora retomar esta tarefa. Porém, não explicou em que a iniciativa privada atrapalhou o programa que está sendo criticado pelos estudantes. A presidente reafirmou também, em discurso, seu compromisso com a reforma política e lembrou de seu tempo de militante contra a ditadura, garantindo que valeu a pena a luta pela democracia.