A Asas é o mesmo sistema de alta pressão que provocou o bloqueio atmosférico do início de 2014, levando à queda dos reservatórios em todo o centro-sul e gerando a crise hídrica em São Paulo. “O fenômeno está menos intenso neste ano, até porque as condições dos oceanos estão diferentes, mas assistimos ao mesmo processo que ocorreu no verão do ano passado”, diz Bianca. Com a perspectiva de mais um verão com chuvas abaixo do normal, a situação dos reservatórios não é otimista. “A preocupação com o abastecimento de água e a geração de energia só aumenta. Desde 2012, o Brasil tem tido verões pouco chuvosos, o que afeta os reservatórios do centro-oeste e do sudeste”, explica Bianca. Ao tomar posse na última sexta-feira (9), o novo presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, admitiu a possibilidade de a crise hídrica agravar-se nos próximos meses no estado. O deslocamento da área de alta pressão traz outra consequência: a água que falta no centro-oeste e no sudeste sobra na Região Sul. Desde o fim de dezembro, quando a Asas se aproximou do país, o Rio Grande do Sul enfrenta uma série de temporais, que provocaram a cheia do Rio Uruguai. “Na verdade, o sistema de alta pressão deslocou o canal de umidade para o Paraguai, o norte da Argentina e o Sul do Brasil”, explica o diretor-geral da Metsul Meteorologia, Eugenio Hackbart (foto).