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PT arma palanque defensivo no que deveria ser uma festa

Paulo César de Oliveira
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Não foi propriamente uma festa. O espaço que deveria ser de comemorações pelos 35 anos de sua fundação, o PT transformou em palanque de uma agressiva defesa das acusações de corrupção na Petrobras, que envolve a legenda e alguns de seus membros. Sob fogo cruzado das oposições, da Policia Federal que a cada dia descobre novos caminhos da corrupção, do Ministério Público e da Justiça Federal, o PT usou o que foi pensado como uma festa para se defender. O tom do que será a sua defesa para tentar sair da incômoda posição, foi dado pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão. Em entrevista e em discurso para a militância no Minascentro, em Belo Horizonte, ele buscou ressuscitar a mesma tese utilizada no mensalão, afirmando que o partido está sendo vítima da mídia golpista conservadora, que ensaia um golpe, articulando o impeachment da presidente Dilma. Falcão na exaltação de sua tese de defesa, chegou a dizer que a imprensa tem agido juntamente com outros setores para desmoralizar a Petrobras e assim viabilizar a sua privatização. Falcão foi enfático também na defesa de João Vaccari, tesoureiro do partido, que a Polícia Federal e delatores apontam como operador do esquema de arrecadação de propinas para as campanhas eleitorais do PT. Para ele, Vaccari é apenas uma vítima pois é um homem sério e probo.

Lula também fala em conspiração

O caminho a ser seguido na defesa petista, que foi discutido na reunião do Diretório Nacional do partido, realizada pela manhã e parte da tarde, no Hotel Ouro Minas, região nordeste de Belo Horizonte, foi trilhado por Lula em seu discurso à militância. Em 40 minutos de discurso Lula defendeu Vaccari, acusando a Polícia Federal e as oposições. Antes ele afirmara que “prefere acreditar nos companheiros” do que nas denúncias, No discurso criticou a atuação policial que levou João Vaccari, de forma coercitiva para depor no inquérito que apura o pagamento, por empreiteiras, de propinas que podem ser superiores a US$ 200 milhões. Este dinheiro teria sido repassado para campanhas petistas. Depois de defender o amigo, Lula afirmou que preciso identificar e punir os corruptos, mas criticou as oposições que, para ele, estão fazendo exploração política das investigações, sem se importarem com o país. “Nossos adversários não se incomodam que a campanha já tenha causado prejuízos a Petrobras. Eles não ligam, querem paralisar o governo”, completou Lula. Para o ex-presidente, o objetivo da oposição é “não esperar mais uma derrota nas urnas”, mas instalar o caos. “Eles vão ter que prestar contas à história. Cabe ao PT denunciar essas manobras, reprimir as mentiras. A verdade é que foi o governo deles que tentou destruir a Petrobras”, ressaltou, citando que nos autos da investigação da Lava Jato consta que havia irregularidades nos contratos entre empresas no exterior e a Petrobras no governo do PSDB, “mas isso nunca será investigado”, criticou.

Pimentel fala em caça às bruxas

Num discurso mais curto, de cerca de dez minutos, o governador Fernando Pimentel também acusou os oposicionistas de “dormirem à noite sonhando com a ditadura”. Para ele, é este pensamento de golpe que está por trás do “clima de caça às bruxas” envolvendo petistas. Segundo o governador, o partido não aceita “pré-julgamentos, denúncias infundadas e esse clima de caças a bruxas”. Para ele a melhor avaliação sobre os rumos do partido não é a externa, mas sim a feita pelo próprio PT. “Os momentos nem sempre nos foram favoráveis. Nunca foi fácil para a gente. Temos erros, imperfeições, mas sabemos corrigir. Não temos medo de problemas, sempre foi difícil”, ressaltou Pimentel. Na mesma linha do governador, uns mais outros menos exaltados, os demais oradores defenderam o partido e o tesoureiro Vaccari e conclamaram, a militância a defender, nas ruas, a legenda e o mandato da presidente Dilma que disseram estar correndo risco. Convidado de honra do que deveria ter sido uma festa, Pepe Mujica, presidente do Uruguai, agradou a militância ao dizer que ela é o que mais importa num partido e que não “deve se deixar levar pela alma dos sujos”. Enquanto os discursos procuravam mexer com os militantes, na rua, diante do Minascentro, petistas e “tucanos”, que foram lá para protestar, entraram em confronto, logo contido pela polícia.

Dilma chama a militância para brigar por seu mandato

Última a discursar, a presidente Dilma Rousseff buscou sacudir a militância para uma mobilização contra o que chamou de “golpismo” dos que perderam a eleição presidencial, demonstrando preocupação com os movimentos que começam a articular um pedido de impeachment. “Os que estão inconformados com o resultado das urnas só têm medo de uma coisa: da mobilização da sociedade em defesa das instituições e em repúdio a qualquer tentativa de golpe contra a manifesta vontade popular”, afirmou ela. Dilma chamou a militância do petista ao enfrentamento àqueles que ela chama de golpistas: “Nós temos força para resistir ao oportunismo e ao golpismo, inclusive quando ele se manifesta de forma dissimulada”. A petista ainda atacou os que “tentam forjar catástrofes e flertam com a aventura”. A presidente foi superficial na abordagem dos escândalos, apenas reconhecendo que a Justiça precisa investigar, mas enfática na defesa da estatal de uma suposta ação de interesses nebulosos: “Os pescadores em águas turvas não vão acabar nem com o modelo de partilha nem com a política de conteúdo local”, afirmou. Em sua fala, Dilma também defendeu o ajuste fiscal e afirmou que vai estender as concessões na área de infraestrutura: “Estão falando que o governo não vai investir. Pelo contrário. Vai ampliar as concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos”.

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