Dilma é a presidente reeleita e fica no poder no mínimo por mais quatro anos, a partir de 1º de janeiro. No mínimo quatro anos pela possibilidade de que, se levado a sério o que disseram Dilma e Aécio na campanha, o país poderá ter uma reforma política, com o término da reeleição e mandato de cinco anos para todos os níveis. Neste caso, dificilmente não haveria uma prorrogação dos atuais mandatos. Mas isto é uma outra história, que começa a ser escrita desde agora, antes mesmo da posse da presidente reeleita. Dilma venceu Aécio por uma margem estreita de votos e faz do PT o primeiro partido a vencer quatro eleições presidenciais seguidas. Aécio sai da disputa com o gosto amargo de uma derrota em seu estado que comandou por doze anos, junto com Anastasia, eleito agora Senador, e Alberto Pinto Coelho, que ocupa agora o governo. Dilma também tem um gostinho amargo a incomodá-la. Perdeu no Rio Grande do Sul, onde fez carreira pública, embora nunca tenha disputado eleições por lá, apesar de ter nascido em Minas. Por falar nisto, Minas saiu das urnas com uma nova feição política pois, em janeiro, assume o governo o petista Fernando Pimentel, vitorioso já no primeiro turno. Para chegar a um novo mandato Dilma venceu em 15 estados, com um crescimento de 11 milhões de votos em relação ao primeiro turno. O “tucano” foi vitorioso em 12 estados e do primeiro para o segundo turno conquistou mais 16 milhões de votos. Ao todo dez partidos estarão, a partir de, ocupando governos estaduais, sendo que o PMDB conquistou sete estados. O PT elegeu quatro governadores, inclusive em Minas, e o PSDB elegeu cinco. Os “tucanos” governarão 72 milhões de pessoas e os petistas 47 milhões nos estados em que venceram as eleições. Vencida esta etapa da disputa, começa agora a da governabilidade. A pequena diferença na votação e o mapa na sua distribuição mostra um país dividido em seus interesses sem que isto represente, na prática, que ele está dividido politicamente. Tancredo Neves dizia que não se governa com os exaltados. Pelo nível da campanha, claro, ficarão sequelas. A presidente Dilma e o seu adversário Aécio Neves terão a tarefa agora de conter seus exaltados. Ela para não dificultar sua tarefa de acertar a governabilidade e para não prejudicar seus aliados que governarão estados, e ele para impedir que se faça uma oposição virulenta, que acirre ânimos. O Brasil precisa estruturar-se para crescer de forma acelerada, especialmente melhorando sua produtividade. Para isto, precisa de reformas institucionais. Mas em nome da necessidade de reformar-se, de avançar, não pode deixar de apurar tudo aquilo que surgiu na campanha. Foram denúncias muito graves que, se verdadeiras, nos colocam numa vergonhosa posição diante do mundo democrático. Mas o país precisa apurar também, se falsas ou verdadeiras as denúncias que emporcalharam ruas e muros das cidades. Se falsas, punição para quem fez, muitas vezes, na maioria das vezes até, usando recursos de sindicatos que, como nunca, deixaram a representação de seus filiados para cuidarem de questões partidárias. Mas, vamos em frente. A próxima eleição está logo ali. E que os políticos não percam de vista o fato de que nesta, mais de 27% dos votos se perderam entre brancos, nulos e abstenções.