Elon Musk (foto/reprodução internet), que nos últimos anos transitou entre o Vale do Silício e os salões de Washington como um oráculo neoliberal de paletó desalinhado, anunciou que vai reduzir seu envolvimento com o governo americano para focar na Tesla — após a empresa amargar uma queda de 71% no lucro trimestral. O gesto, porém, não é altruísmo empresarial. É sobrevivência. A Tesla, outrora símbolo de inovação e vanguarda tecnológica, sangra diante da concorrência asiática e da erosão de confiança dos investidores. Musk, que flertava com o poder político como quem busca blindagem institucional, agora recua. Não é uma ruptura ideológica; é cálculo. Disse que seguirá “dedicando um ou dois dias por semana ao governo, enquanto Trump quiser”. Como quem marca presença em um casamento de fachada. A frase encerra um tempo: Musk deixa claro que, diante do capital, o poder é um hobby — e, como todo passatempo, pode ser abandonado quando deixa de dar lucro.