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A sedução de uma competição

Paulo César de Oliveira
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Igor Carvalho de Lima

A atenção da mídia mundial, nos últimos dias, foi para uma das eleições mais antigas que se tem notícia: o Conclave. Mesmo aqueles pouco religiosos, ou que nem seguem o catolicismo demonstram algum interesse pelo simples fato de existir uma votação, repleta de tradições e regras especiais. E, como em toda disputa, alguém tem que vencer. Com exceção do futebol, considerado o maior espetáculo da terra e talvez a única atração que mantenha os patrocinadores da TV aberta. No campo ou na quadra jogos podem terminar empatados, mas o resultado acaba beneficiando uma das partes. Em eleições, não há empate.

Justamente aí mora o aspecto mais sedutor de toda eleição: a vitória. O confronto entre esquerdistas e direitistas nas redes sociais só tem sentido após o resultado das eleições, quando um dos dois lados vai sair vitorioso. Seria ingenuidade acreditar que a troca de argumentos, na maioria das vezes com um tom de agressividade, vai convencer alguém e um dos lados vai admitir a derrota no embate. Mais ingenuidade ainda seria afirmar que se trata de um debate político. A maioria destas pessoas nunca participaram de uma reunião entre políticos profissionais, onde a premissa é concluir o mínimo possível e deixar sempre possibilidades abertas. Ou seja, o ser político, na maioria dos casos, contradiz o que os eleitores mais vorazes almejam: provar que são melhores do que o opositor. Políticos expressivos ou experientes saem vitoriosos em eleições mesmo sem serem os mais votados nas urnas. Ocorre também que muitos destes debatedores fervorosos defendem o seu lado da polarização por ambição ou vaidade de uma futura vitória que, diga-se de passagem, mudaria pouco seu dia a dia. De fato, a classe média alta raramente precisa, diretamente, do auxílio do poder público. Mas talvez sejam aqueles mais empolgados com o processo eleitoral.

Assim, 2026 vem aí com a competição entre esquerda e direita. Algo tão marcante e intenso não evapora no ar, simplesmente. Independente dos nomes candidatos, existem mais de 20% de jogadores fiéis em cada um dos lados. Vencer significa muito, eleva a autoestima mesmo que nada de concreto realmente mude. E para desapontamento de muitos, quem verdadeiramente decide o pleito são aqueles que não vestem a camisa de nenhum dos dois times. Aqueles que não são seduzidos pelo jogo e sim necessitam de governantes que melhorem seu cotidiano em um único aspecto, por menor que seja. Afinal, como no conclave, os cardeais decidem, mas quem mais precisa são os fiéis.

 Igor Carvalho de Lima – Dono do Instituto Viva Voz, mestre em administração mercadológica e marketing, com especialização no comportamento do consumidor e do eleitor.

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