Blog do PCO

Furando a bolha

Paulo César de Oliveira
COMPARTILHE
fuad noman prefeito belo horizonte mg divulgacao 848x477

Igor Carvalho de Lima

No dia a dia, especialmente com o advento das redes sociais, a maioria das pessoas fica mais confortável conversando e lidando com outras semelhantes, que demonstram pensamentos similares. Resumindo a chamada bolha.

E o que prevalece no cenário político brasileiro seria a notável dificuldade de furar esta bolha. O tarifaço de Trump veio como uma resposta às incessantes provocações do presidente Lula nos BRICS, afirmando que o bloco deveria criar uma moeda alternativa ao dólar para o comércio internacional. E o outro lado, ao invés de tentar propor uma pauta de melhoria na economia, que hoje vai de mal a pior, prefere uma postura radical e infantil do tipo: “bem feito para o Brasil”. Faz ameaças sobre anistia ou tarifaço, sem nenhuma certeza que conseguirá cumprir. Da mesma forma Netanyahu nega a fome amplamente filmada em Gaza, e Lula minimiza o holocausto. Aí cabe a pergunta: tais posturas agradam alguém fora da bolha? Com certeza somente os seguidores fiéis da esquerda ou da direita aprovam, o restante tende a ficar abismado com tanta ignorância.

Citando o exemplo da última eleição, no ano passado. Na capital mineira tínhamos candidatos representando todos os lados. Rogério Correia e Duda Salabert da esquerda, Engler e Tramonte de direita, Gabriel Azevedo e Fuad Noman (foto/reprodução internet) mais ao centro. A campanha vencedora de reeleição assumiu a estratégia mais assertiva. Enquanto os extremos atacavam a administração municipal constantemente, Noman demonstrava ponderação, seriedade e experiência, além de realizações concretas. Os representantes da extrema esquerda tiveram um desempenho pífio. Duda tentou mostrar criatividade com um ventilador no cenário do seu programa de TV, sem efeito algum. Correia só se baseava no apoio do presidente, assim como Kalil na eleição de 2022, ambos obtiveram derrotas expressivas. Já a campanha de Fuad cancelou duas agendas com Lula, uma decisão difícil num pleito muito acirrado, mas que manteve o candidato afastado dos extremismos.

Assim, Engler foi para o 2º turno conseguindo se posicionar um pouco além da direita, com um quê de renovação. Fuad continuou na sua linha estratégica simples e eficiente, como um representante de centro-esquerda. Com o prefeito na liderança, a direita resolve ativar o modo conservadorismo na veia e faz afirmações absurdas sobre um livro de ficção escrito pelo ex-prefeito. Falaram para a bolha sem evolução e Noman saiu vitorioso, infelizmente faleceu (mas marcou seu nome na história). Enquanto Engler e Nikolas enfrentam processos na justiça eleitoral com risco de inelegibilidade por fake News. A sonhada e até saturada ideia da terceira via não tem conseguido destaque no cenário nacional, parece que todas as tentativas focam em uma estratégia panfletária querendo angariar votos dos eleitores não alinhados aos polos. A campanha Fuad conseguiu furar a bolha pois não apresentou um discurso meramente panfletário da terceira via, foi além, ao enfatizar que o caminho da ponderação pode ser e foi mais produtivo que o ignorante debate ideológico, tomara que alguém consiga o mesmo sucesso em 2026.

Igor Carvalho de Lima – Dono do Instituto Viva Voz, mestre em administração mercadológica e marketing, com especialização no comportamento do consumidor e do eleitor.

COMPARTILHE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News do PCO

Preencha seus dados e receba nossa news diariamente pelo seu e-mail.