Paulo Rabelo de Castro
O novo Papa foi escolhido com grande velocidade. A Igreja de Roma se revelou alinhada em torno de pontos fundamentais para a transição da humanidade na atual quadra. E que quadra seria essa? A transição para a Pax Bellica, ou seja, rumo a uma Paz Armada, após décadas de protagonismo americano na chamada Pax Americana. O novo Papa, LEÃO XIV, falou justamente de a humanidade alcançar uma ‘paz desarmada’. E por quê? Porque não temos hoje esse tipo de paz sem armas e, sim, um ambiente de conflagração geral, o mundo dividido em blocos de poder.
Sob a ótica sociológica, não deixa de ser altamente significativa escolha de um norte-americano de Chicago. O novaiorquino Donald Trump encaixou o “golpe” e já soltou uma nota elogiando o cardeal Robert Prevost e manifestando desejo de estar com ele. Bom sinal, ótimo aliás. Prevost falou parte do seu discurso em castelhano. Mas nenhuma palavra em inglês. A escolha de Prevost fortalece o Ocidente democrático e cristão. Faltou falar da China, onde os católicos são perseguidos nos dias atuais. O novo Papa, ao falar em ‘ser missionário’ – na nossa opinião- deu a dica de que fará estocadas no autoritarismo chinês e, por extensão, em qualquer autoritarismo , inclusive o capitalismo autoritário, que Leão XIII – com a encíclica Rerum Novarum – tanto combateu, tendo sido uma voz em favor do proletariado industrial, então emergente, no início do século passado.
Ao insistir em ‘construir pontes por meio do diálogo’ o novo Papa acena com a tese da pacificação através da negociação insistente. É uma fala muito política pois ela se traduz em conclamar que todos caminhem juntos, “sem deixar ninguém pra trás”. Enfim, devemos construir pontes para a paz no mundo. A escolha de Leão XIV nos afasta uns 10 graus do atual curso de conflagração bélica planetária. (Foto/reprodução internet)
Paulo Rabelo de Castro - Economista, ex-presidente do IBGE e do BNDES.