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Relações público-privadas: o casamento invisível

Paulo César de Oliveira
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MOBILIDADE I
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Wagner gomes

No Brasil, a fronteira entre o público e o privado é tão porosa quanto conveniente. Empresas e governo dançam uma valsa silenciosa, onde contratos são firmados nos bastidores e interesses se entrelaçam sob o véu da legalidade. O Estado, muitas vezes, atua como sócio oculto de conglomerados empresariais, enquanto estes, por sua vez, influenciam políticas públicas que lhes beneficiam. Grandes obras de infraestrutura, concessões e parcerias público-privadas frequentemente se tornam palcos para a encenação de eficiência e progresso. No entanto, por trás das cortinas, acordos são costurados com fios de lobby, financiamento de campanhas e promessas de cargos estratégicos. A transparência, nesse contexto, é mais um slogan do que uma prática. Empresas que deveriam competir em igualdade de condições acabam por se beneficiar de relações privilegiadas com o poder público. Licitações são moldadas para atender a interesses específicos, e a regulação, quando existe, muitas vezes é capturada por aqueles que deveriam ser regulados. O resultado é um ambiente onde o mérito cede lugar à influência, e o interesse coletivo é subjugado pelo corporativismo. Essa simbiose entre público e privado não é apenas um desvio ético; é uma engrenagem central na reprodução das desigualdades e na perpetuação de um sistema que favorece poucos em detrimento de muitos. Desvendar essas relações é fundamental para compreender as limitações do nosso desenvolvimento e os obstáculos à verdadeira democracia econômica.

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