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Agronegócio avança indiferente a pandemia

Paulo César de Oliveira
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A crise provocada pela pandemia do coronavirus tem afetado fortemente vários setores da economia. O agronegócio brasileiro, no entanto, continua surpreendendo e apresentou um crescimento de 3,78% no primeiro quadrimestre, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O setor terá um peso significativo no PIB brasileiro, mas o presidente da Federação da Agricultura de Minas- FAEMG, Roberto Simões (foto), pondera que nem todos conseguiram passar ilesos pela pandemia. Ao contrário, muitos pequenos produtores não conseguiram se manter e tiveram encerradas suas produções e dificilmente terão condições de retornar ao mercado. Ainda assim, o agronegócio brasileiro avança com crescimento nas exportações e firmando-se no mercado mundial.

 

Passados esses quatro meses de pandemia no Brasil, como tem sido esse processo para os produtores mineiros. O setor conseguiu sair ileso?

Ileso não. As empresas menores e as que trabalham com produtos perecíveis sofreram muito. Nós tivemos laticínios fechados, pequenos produtores de leite tiveram muitos problemas, muitos produtores de flores desapareceram e não voltam mais. São setores que sofreram muito, como o pessoal do peixe, muitos hortifrutis também tiveram a atividade interrompida devido as barreiras sanitárias. Muitos não voltam mais. As grandes cadeias, os grandes produtores não sofreram tanto, já se recuperaram e estão seguindo o curso. Os que ficaram para trás não têm solução.

 

Não tem como esses produtores voltarem ao mercado?

Alguns não, porque eram de pequeno porte, não tinham muita reserva e tiveram uma perda drástica nos últimos três meses.

 

Houve uma tentativa na sociedade de diferentes grupos de manter ativos alguns pequenos produtores. Essa reação da sociedade não surtiu o efeito desejado?

São casos isolados de algumas regiões. Nós tentamos ajudar também,levando treinamento para ver se eles se recuperam. Mas é difícil. As cadeias maiores seguem seu caminho exportando, cafés, carnes, grãos, soja, algodão estão bem e estão programando a próxima safra. Já saiu o novo plano de safra 20/21 com dotação bastante razoável de R$ 236 bilhões, não é o total do financiamento, mas ajuda muito. Seguiu crescendo a verba para seguro, tem notícias boas. As exportações subiram muito com os produtos da cadeia do agro, e seguimos nessa vocação de boa produção de Minas Gerais e do Brasil.

 

As exportações subiram durante a pandemia?

As exportações cresceram muito para a China e regiões da Ásia carentes de alimento. O café está também com uma safra grande neste ano, estamos produzindo 25% a mais do que no ano passado. É uma situação que segue seu curso, mostrando que o setor tem uma resiliência muito grande, resiste muito aos impactos e se recupera muito rápido. Nós temos uma produção muito diversificada, mas infelizmente, os que produzem produtos perecíveis sofreram muito. Mas o pior já passou e muitos ficaram para trás.

 

Há uma reação muito forte em relação aos produtos brasileiros, devido as queimadas no Amazonas. Esse movimento pode afetar ou está afetando as exportações?

*Isso aí é conversa fiada e campanha contra a gente. Todos agora têm medo do Brasil, da concorrência brasileira, que cada vez será maior. Estão criando fatos muitas vezes falsos. A Embrapa, que cuida dos satélites, detectou que a queimada na Amazônia caiu em 22% em relação ao ano passado. Está é caindo. E eles ficam aí colocando a boca no mundo e a imprensa ajudando falando que está crescendo. É mentira. Isso é conversa de competidor, que está querendo jogar os brasileiros para baixo e, alguns brasileiros ajudam com a divulgação de notícia falsa. Não é verdade. Nós precisamos acabar com essa atitude dos próprios brasileiros desmoralizando o Brasil. Isso é lesa pátria, não pode ser assim.

 

Esse processo do avanço do agronegócio brasileiro é irreversível?

Sim. O Brasil será um celeiro crescente no mundo, porque temos produção, temos água, temos solo, temos gente, temos tecnologia, que outros países não têm. Com as técnicas modernas que nós temos hoje, tem região com irrigação em que é possível se fazer três safras. Quem tem condições de fazer isso? Os países do Norte têm seis meses de inverno, ficam cobertos de gelo. Como eles vão competir conosco? Aqui é a fonte. Seremos o maior produtor mundial, o maior exportador. Hoje a China e os Estados Unidos produzem muito mais, mas eles têm populações enormes, que consomem muito mais e por isso nós já somos o maior exportador. Mas vamos crescer muito ainda na produção.

 

Nesse momento de pandemia, com todo esse efeito na economia, o agronegócio mais uma vez será o fiel da balança?

Vai continuar sendo, porque nós temos produções adequadas e a vocação brasileira é para essa área. Sem dúvida o país é muito competitivo no agronegócio. Vamos continuar produzindo. Mas vai haver muitas barreiras aos nossos produtos, depende muito de como vamos seguir, mas vamos continuar sendo um grande fornecedor de alimentos para o mundo inteiro.

 

Se a diplomacia brasileira ajudar?

Melhoria muito se não atrapalhasse. Mas vamos vencendo assim mesmo.

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