Muitos empresários do setor hoteleiro estão com expectativa de ter a taxa de ocupação aumentada significativamente no carnaval deste ano em Belo Horizonte. A cidade, que virou referência para os foliões que gostam dos blocos e do carnaval de rua, sofre, no entanto, com a queda na procura causada pela crise econômica. A empresária Érica Drumond (foto), que comanda uma rede de hotéis em várias cidades brasileiras, acredita que o ano começou um pouco melhor e tem a expectativa de uma grande movimentação em seus hotéis na cidade. Mas reclama que tanto em Belo Horizonte, quanto Curitiba e Rio de Janeiro, o movimento caiu consideravelmente e reclama da complexa e alta carga tributária brasileira que atrapalha o funcionamento das empresas para que o governo mantenha um quadro inflado de servidores públicos.
O ano 2017 começou melhor para o setor hoteleiro?
Não começou bom, mas melhorou 5%.
Em Belo Horizonte, a expectativa do setor é a de ocupação de até 60%. Essa é a sua expectativa também?
Nós temos uma expectativa de uma taxa de ocupação de até 100% nos hotéis menores e de 50 a 60% nos maiores. O problema de Belo Horizonte é a que a cidade tem a diária mais barata do Brasil.
Muitos hotéis fecharam depois da Copa e alguns projetos não foram concluídos. Qual é a situação do setor em Belo Horizonte?
Muitos ainda estão por terminar. Com a crise as construtoras pararam com essas obras, mas uma hora vão retomar. E essa é mais uma oferta de leitos em Belo Horizonte, que não é bom para o setor.
Nas cidades onde o grupo empresarial comandado pela senhora atua, quais as que estão tendo melhor desempenho?
As três piores são Curitiba, Foz do Iguaçu e Belo Horizonte. As melhores e com tarifas também melhores são: São Paulo, Brasília e Recife. Rio de Janeiro está com diária baixa, caindo quase 50% devido a super oferta que aconteceu a partir das Olimpíadas.
Quais são as expectativas em relação ao governo Temer?
A nossa expectativa é a mesma de todos os brasileiros: que faça a reforma da Previdência e a reforma trabalhista. Enquanto não fizer isso, antes de ser preso, ele vai entrar para a história como bandido. Se ele fizer essas reformas, pelo menos vai poder falar que foi presidente. Com o Rodrigo Maia reeleito à presidência da Câmara vamos ver se ele tem força na Casa para votar essas matérias com rapidez. O Estado está quebrado, não tem como continuar desse jeito.
Que medidas seriam necessárias para impulsionar o setor?
Tanto Belo Horizonte, quanto Rio de Janeiro, Curitiba são cidades que dependem da indústria. São cidades que tem o turismo de lazer, que não representa nem 30% no Rio de Janeiro e nem 10% em Belo Horizonte. Nós precisamos que a indústria retome seu trabalho, como as construtoras, as incorporadoras. A previsão é de mais um milhão de desempregados em 2017 e nós precisamos fazer o máximo possível para agilizar as mudanças nas leis trabalhistas para retomar os empregos. Não precisamos mais brigar pelos direitos dos trabalhadores, nós temos que brigar pelo trabalho. Enquanto não retomarmos o emprego e a renda, não tem como o setor retomar. Em São Paulo é diferente porque tem o turismo, o comércio e a própria dinâmica da cidade, que é a maior da América Latina.
A senhora chegou a fechar algum hotel?
Fechei um em Curitiba, no mês de setembro e espero não ter que fechar outro.
Essa proposta que está sendo discutida na Câmara Federal de unificar impostos resolveria?
Se nós conseguirmos sair de cem tributos diferentes para três, a mão de obra vai pular de patamar de qualidade de 2 para 8. É uma ineficiência que é creditada ao Brasil, que na realidade está na complexidade de impostos e de soltar uma nota fiscal. Nós tiramos a nota, vamos para a prefeitura, que vai para o estado para chegar a nós novamente duas horas depois. Cada estado, cada município tem uma taxa para cada produto. Isso não existe em nenhum lugar do mundo, por isso há uma dificuldade e uma máquina gigantesca por parte do estado para poder taxar os impostos e cobrar das empresas. Talvez eles estejam mais preocupados em manter esses milhares de brasileiros que estão na máquina pública, do que facilitar para o empresário. Além de termos a carga mais alta do mundo, ela também é a mais complexa.
Os interesses políticos acabam prevalecendo sobre a lógica?
É claro. Ninguém quer mandar milhares de empregados públicos embora. E na hora que simplificarmos, não vamos precisar mais deles.
Qual o recado a senhora mandaria para os políticos?
Nós precisamos de mais empregos e cria-se mais emprego com mais consumo. Precisamos diminuir a complexidade e a diminuição das garantias dos desempregados, que é o que está acontecendo, a valorização da pessoa que está desempregada não estimula uma especialização, a uma estabilidade. Ele precisa querer uma estabilidade, oferecer uma mão-de-obra boa. A partir do momento em que nós temos essa facilidade como empregador, nós vamos poder dar mais benefícios e mais qualidade de emprego. E essa é a nossa obrigação, cuidar dos nossos empregados com mais salários e mais qualificação. Agora, você ter 85% do salário sendo entregue para o estado, que não dá de volta saúde e nós ainda temos que pagar a saúde privada? Então eu preferia que o estado me desse a obrigatoriedade de pagar a saúde privada e me tirasse o encargo da saúde pública. O meu recado é: pare de atrapalhar. O estado precisa arrecadar de uma forma menos complexa e dizer claramente em que ele é eficiente e no que não é para que seja entregue para a iniciativa privada.