Nesta última semana de campanha, o blog ouviu os dois candidatos ao governo de Minas para conhecer a estratégia para esta reta final e o que os mineiros podem esperar de cada um deles. O senador Antonio Anastasia, que disputa por uma ampla coligação liderada pelo PSDB, se propõe a manter uma campanha propositiva e que permita ao eleitor fazer comparações entre os dois candidatos. Ele admite que esta é uma eleição de muitas surpresas, mas defende o respeito ao voto soberano do eleitor. Com a experiência de já ter sido secretário de Planejamento e ter governado Minas em dois mandatos, Anastasia se mostra preocupado com a situação das finanças estaduais. Ele acredita que o rombo nas contas do estado deve superar os R$25 bilhões, e não R$ 11 bilhões, valor corrigido estimado pelo atual governo no orçamento do Estado para 2019. Essa situação vai exigir conhecimento e planejamento.
Antonio Anastasia
Comportamento do eleitor surpreendeu?
Não há dúvida. Não só em Minas Gerais, mas em todo o Brasil. Das 54 vagas do Senado, por exemplo, apenas 8 senadores retornarão. Todos são testemunhas de que eu sempre disse que o voto do eleitor é soberano. Temos que respeitar essas escolhas e essas surpresas.
Nessa última semana de campanha como convencer os eleitores de que o senhor é o melhor candidato?
Vou continuar apresentando minhas propostas e minha experiência com muita serenidade, como é meu estilo. Como nesse segundo turno são apenas dois candidatos, acho que é o momento oportuno para o eleitor comparar. O que cada um já fez por Minas. Quais as propostas de cada um para melhoria dos serviços públicos. O que cada um pensa sobre determinados assuntos. Confio muito nos mineiros e eles saberão escolher bem.
O orçamento para o ano que vem prevê um déficit maior do que o anunciado antes das eleições. Isso indica que os problemas à frente serão maiores?
Tenho alertado isso há muito tempo. O atual governo do Estado não trabalha com transparência. Apresenta em um dia um orçamento com déficit de R$6 bilhões e um mês depois, outro com déficit de R$11 bilhões. Acredito que o rombo é ainda maior. Deve superar os R$25 bilhões. A situação do Estado é muito delicada. Para reverter esse quadro vamos precisar de alguém experiente, capaz de montar uma equipe técnica extremamente qualificada. É o trabalho que estou disposto a fazer.
O que deve ser feito nos primeiros dias de governo?
Estou propondo um grande enxugamento da máquina administrativa, cortar pela metade as secretárias, extinguir centenas de cargos políticos, fazer cortes de despesas nas atividades meio para que os recursos cheguem às atividades fins do Estado: saúde, educação, segurança, infraestrutura. Mas isso não será suficiente. Precisamos criar um novo ambiente de negócios no Estado, de forma que consigamos aumentar a receita sem aumentar a carga tributária que já é muito alta. Nesse sentido, vamos desburocratizar processos, facilitar a vida dos empreendedores e das pessoas. Tudo isso será feito já nos primeiros dias da nossa gestão. Não podemos perder mais tempo.
Que recado será passado para os servidores públicos, fornecedores e a população diante dos problemas do estado?
Vamos agir com muita transparência, mostrando o que estamos realizando, o que é possível e o que não é possível fazer em um primeiro momento. Vamos conseguir colocar a casa em ordem com o tempo, paulatinamente, a partir do momento em que essas nossas ações começarem a surtir efeitos. Não será em um passe de mágica. Exigirá planejamento, trabalho sério e muito esforço.
Romeu Zema
Primeiro conhecer a real situação de Minas
Romeu Zema, do Novo, surpreendeu ao chegar ao segundo turno das eleições com uma ampla vantagem sobre o seu adversário. Iniciante na política, ele acredita que conquistou o eleitor pelas propostas do Novo e pela crítica aos políticos tradicionais. Além disto, destaca, esta eleição está marcada pelo desejo do eleitor mudar a forma de fazer política no país.
Comportamento do eleitor surpreendeu?
Acredito que o eleitor aos poucos foi conhecendo as nossas propostas de fazer o novo em Minas. O Estado está falido, hoje o rombo é de R$ 11,4 bilhões, número que creio ser maior ainda, sem contar os passivos que ficaram de anos anteriores. Os mineiros estão cansados da velha política, dos mesmos que estão se perpetuando e se revezando no poder. Então, é de se esperar que o eleitor tenha avaliado e concluído que já era hora de mudar. Se os mesmos políticos de sempre não fizeram uma reforma política de verdade no Congresso, nas urnas, os eleitores a fizeram.
Nessa última semana de campanha como convencer os eleitores de que o senhor é o melhor candidato?
O eleitor é muito consciente e sábio, nenhum político pode achar que o eleitor não entende o que acontece na cidade dele, ou no Estado onde mora. Ele sabe discernir quais são as melhores propostas para melhorar a vida dele e da família dele. Andei quase 50 mil quilômetros, visitei mais de 200 cidades, conheci de perto os reais problemas do povo mineiro. Não mudei em nada do que fiz no primeiro turno, continuo com as viagens pelos municípios, conversando com as pessoas, dialogando com diversos setores da sociedade. O político de hoje precisa fazer esse exercício de oferecer à população chances de dizer as suas necessidades. O poder emana do povo, então, estou aqui para ajudar os mineiros a fazerem uma nova Minas.
O orçamento para o ano que vem prevê um déficit maior do que o anunciado antes das eleições. Isso indica que os problemas à frente serão maiores?
Esse rombo no orçamento, como disse antes, que está na casa dos R$ 11,4 bilhões, é referente às despesas correntes. Além disso, existem restos a pagar de anos anteriores. Esse número exato ainda está muito nebuloso, mas está na casa das dezenas de bilhões. Nós já tínhamos conhecimento, sim, da gravidade da atual situação do Estado. Vamos trabalhar para colocar Minas, novamente, nos trilhos do desenvolvimento. Não existe mágica, o que existe é muito trabalho e uma boa gestão, cortando gastos da velha política e dos privilégios para estes mesmos políticos.
O que deve ser feito nos primeiros dias de governo?
Caso a nossa candidatura seja exitosa, vamos, logicamente, fazer o levantamento da situação em que o Estado se encontra. Só a partir disso é que conseguiremos ter uma noção exata de tudo e, assim, implantar as primeiras mudanças. Mas tudo será avaliado juntamente com minha equipe econômica, que será coordenada pelo renomado economista, Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central.
Que recado será passado para os servidores públicos, fornecedores e a população diante dos problemas do estado?
Tenho falado desde o começo que a minha prioridade à frente do Governo de Minas é regularizar os pagamentos, principalmente dos servidores públicos que estão recebendo o salário parcelado. É uma situação muito difícil para os pais e mães de família. Afeta também a economia, porque o funcionalismo está sendo afetado no seu poder de compra. Aí cria-se um ciclo vicioso, desdobrando até outras áreas como o comércio, com o crescimento de inadimplência, pois, com o salário sendo pago assim, com datas espaçadas e nem sempre cumpridas, muitos têm dificuldades de honrar seus compromissos financeiros. Está registrado em cartório, o meu compromisso, do meu vice e dos secretários de não receber salário até que essa situação seja regularizada. Como tenho falado, o exemplo começa de cima. Quero dizer a toda população que vou trabalhar com muita ética e transparência, para trazer novas ideias e uma nova forma de trabalhar a gestão do nosso Estado.