Finalmente aconteceu! O presidente Bolsonaro recuou de sua saturada e monotemática visão, em seu pronunciamento de terça-feira à Nação. Já havia sinalizado essa mudança de postura ao escalar o “dream team” de seu governo (Luiz Henrique Mandetta, Paulo Guedes, Sérgio Moro, Braga Neto e Tarcísio Gomes de Freitas) para entrar em campo e apagar todos os incêndios que provocara com suas delirantes intervenções. Com isso, procurou estancar uma crise dentro da crise da pandemia, da qual era o fator gerador. Acuado, teve que se render aos fatos: estamos diante de uma crise inédita e desafiadora que, para ser vencida, precisa da união de todos e de ações responsáveis por parte dos nossos governantes. Ao baixar em 50 vezes o tom que vinha empregando, foi obrigado a assimilar a preocupação do mundo e já reconhece o valor da vida no mesmo patamar que o emprego. É um grande avanço, que nos fez respirar aliviados. No momento, é tempo de se ouvir os especialistas sem, no entanto, perder a visão de futuro. Se medidas draconianas de isolamento se impuserem para a quarentena, que sejam então adotadas, com todo o rigor. Ao abandonar a nau dos insensatos cabe ao presidente mostrar, de fato, se entendeu o recado dado pela população em seu estridente panelaço. Para tanto ele deve apartar os especialistas dos oportunistas (entre os quais se encontram os seus filhos e o famigerado Olavo de Carvalho (foto) que espalham o vírus da insensibilidade), concedendo espaço àqueles que, verdadeiramente, tenham consciência de que o coronavírus é altamente infectante e extremamente contagioso. Até então o seu entorno concorria com os efeitos da epidemia ao assumir a letalidade do vírus em suas ações desvairadas de submissão e aconselhamento. Enquanto isso, porque não se formar um grupo, bem qualificado, para estudar alternativas que impeçam a recessão econômica pós pandemia de se tornar mais letal do que o vírus que assombra o mundo?
50 tons a menos
