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A disputa que alimenta os iguais e impede a evolução política

Paulo César de Oliveira
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Quem acompanha a vida política seja profissionalmente, por curiosidade ou por dever cívico, sabe perfeitamente que não há nada mais parecido do que o radicalismo de opostos. A simbiose entre Bolsonaro e Lula mostra isto claramente. Ambos sobrevivem em função do outro e na radicalização do discurso político cuidam de impedir o surgimento de outros nomes. Com discursos parecidos – o de Bolsonaro mais ideológico, o de Lula mais oportunista – vão cooptando apoiadores, não aos seus projetos, que não têm, mas na aversão ao adversário. Dentro deste contexto, Lula e o PT farão um grande favor ao adversário lançando, na próxima sexta-feira, a campanha “Fora Bolsonaro” que promete levar a militância petista, hoje adormecida, às ruas. Sim, a campanha poderá ter o condão de reaglutinar petistas mas, não tenham dúvidas, vai provocar reações do outro lado, hoje mais estruturado e, reconheçamos, com uma baita máquina de ataque. Isto, que não tem acontecido só no Brasil, é bom reconhecer, é um desastre para nós. Já disse aqui e reitero, que não faço parte do grupo de inocentes que acreditam em união de todos na política por uma causa comum. Unanimidade não existe nem dentro de casa, quanto mais na política, onde grupos se digladiam em busca do Poder. E é natural que seja assim. O anormal, imoral, é que esta busca se dê da forma que, de muito, temos assistido no país. A luta política não pode ser aética. Não se pode aceitar que se conquiste eleitor destruindo imagens do adversário em vez de se conquistar os votos pela aceitação de programas de governo. É assim que tem sido a política, no Brasil em especial. E aí, que me desculpe o distinto público que vive usando as barras de comentários dos veículos de comunicação e as redes sociais para esculhambar os políticos, é preciso lembrar que antes dos erros deles, tem o nosso erro de dar a eles os cargos que não mereciam. É bom também não flertar com o autoritarismo como solução. O autoritarismo que esmaga as críticas, é fermento para alimentar o surgimento dos políticos de má qualidade. Simplesmente afasta os bons da vida pública, deixando vagas as cadeiras onde se sentam os aproveitadores. E foi isto que aconteceu com o Brasil. Que voltem os bons, com nossos votos.

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