O vice-presidente Michel Temer (foto) dá sequência nesta semana, mesmo com o feriado, à tarefa de construir a unidade da base parlamentar do governo. Passando para uma linguagem mais direta, construir unidade é distribuir bem os cargos existentes. Está se fazendo agora o que sempre foi feito, o que não é o mesmo que dizer que seja uma prática ética. Não, não pode ser normal a compra de apoios. E não é outra a missão do vice-presidente: arranjar apoios, seja de onde for, que não apenas garanta a governabilidade mas que, principalmente, assegure a impunidade. Nos acostumamos- sim, até nós nos acostumamos- com esta maldita praga da política brasileira que nossos venerados líderes, nem mais se importam de falar abertamente sobre como se joga o jogo. Ainda outro dia, na semana passada, o deputado peemedebista Saraiva Felipe, eleito por Minas, dizia com todas as letras que o sucesso da missão apaziguadora de Temer dependeria “de quanta tinta ele teria na caneta”. Mais ainda, da não contestação do que ele decidisse. Assim mesmo, com toda naturalidade. Já nem se faz reserva das regras. O jogo é às claras, sem se dar qualquer importância às consequências que possam advir deste tipo de comportamento. Uma das consequências mais imediatas desta forma de agir é a pouca seriedade nas indicações. Escolhe-se quem tem mais “lealdade” com o padrinho, quem se dispõe a cumprir tarefas que possam assegurar a reeleição do protetor. Dá-se então a indicação de quem não deveria ser escolhido, simplesmente porque é alguém dado a compactuar com esquema, de maior ou menor potencial de escândalos. Ou alguém, falando sério, pensa mesmo que um político entra neste jogo de indicação sem preocupações que não sejam pessoais? Por puro altruísmo? Esperem, em pouco tempo este rearranjo político vai começar a surtir efeito. Será uma tranquilidade para os de sempre.