Temos um novo presidente e vinte e sete novos governadores. Eles já estão eleitos e, mesmo com posse marcada apenas para primeiro de janeiro, desde hoje dão as cartas. Os que estão deixando seus cargos ao final dos mandatos, são apenas coadjuvantes do espetáculo político. Já não mandam, ou como dizia o grande Israel Pinheiro, “ao final do mandato, o garçom mexe o cafezinho com o dedo”. É uma figura de retórica, mas que, para quem conhece o mundo da política, é bem próxima da realidade. É a verdade do rei morto, rei posto. Os novos reis, por mais que queiram comemorar a vitória, que em algumas situações, como em Minas Gerais, foram acachapantes, precisam colocar logo a mão na massa. Começar a pensar seriamente em como cumprir o que prometeram sem conhecer a realidade, ou, conhecendo, sabendo de antemão que não terão como transformá-la. Já disse aqui neste espaço que não acredito em melhorias no país. Não da forma imediata que na campanha prometeram. As dificuldades poderão ser ainda maiores pela estúpida radicalização da campanha, notadamente em nível federal. Bolsonaro, com certeza, enfrentará uma oposição bem mais experiente do que a base parlamentar que o governo ainda vai montar. E é bom não contar com a pressão popular. Os fogos e a festa após os números das urnas, não significam engajamento, compromissos com algum programa. Até porque, as eleições não referendaram projetos, propostas. Foi uma eleição do contra. Por mudanças. Um sentimento difuso que o eleitor não consegue explicar bem o que pretende mudar. Aliás, nem mesmo os candidatos. Precisam definir logo o que fazer, até para definirem como fazer. Têm consciência de não será fácil mudar o que precisa ser mudado no médio prazo. No curto, então, é impossível. E as expectativas são de que, num passe de mágica, se faça o que é preciso fazer. O capital de quem chega ao poder simbolizando mudanças é curto. A cobrança começa rapidinho. Por isto é indispensável começar a agir logo. Hoje, se possível. Ainda com as roupas da festa de ontem. Em tempo: as urnas mostraram que o lulismo acabou. Se quiserem sobreviver, os petistas precisam começar a criar o petismo. Os outros partidos, estes então…