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A invasão das viagens por aplicativos

Paulo César de Oliveira
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Há uma tendência entre os deputados estaduais mineiros de manter o veto do governador ao projeto que restringe as viagens de ônibus por aplicativo, como o Buser. A pressão pela manutenção do veto é forte e por outro lado, o autor da proposta, deputado Alencar da Silveira Jr (foto), disse que parece que não há nenhum interesse entre as empresas que fazem as linhas regulares em manter o atual sistema. Segundo ele, não há nenhuma movimentação nesse sentido e se o veto for mantido, essas empresas poderão ir à Justiça para reaver os recursos do acordo com o governo e passam a atuar, também na clandestinidade, sem regras e sem a necessidade de manter o transporte nas cidades em que eles não obtêm lucro. O projeto foi aprovado no dia 31 de agosto e no dia 24 de setembro o governador Romeu Zema vetou parcialmente a proposta, que deve ser analisada nos próximos dias. Nessa conversa, Alencar da Silveira Jr também fala de política e futebol.

O que mudou, por que esse desinteresse em manter o atual sistema?

Não vi disposição das empresas em mostrar como funciona o sistema, ninguém veio à Assembleia explicar o custo das passagens para os empresários, enquanto do outro lado, o Buser ficou defendendo que a passagem deles é mais barata, sem custo. O que vimos foi que os empresários mostraram que o veto tem que ser mantido e é o que que vai acontecer. Eles vão à Justiça para ter o dinheiro da concessão de volta, vão pegar o dinheiro do governo e vão entrar para a irregularidade, para o transporte por aplicativo.

Existe a possibilidade de municípios mineiros ficarem sem atendimento de transporte?

Sim, Minas Gerais tem 853 municípios e muitos vão ficar sem transporte, porque os aplicativos querem ganhar dinheiro e vão onde tem passageiro. A população não entendeu até hoje que é ela que sai perdendo. Entrei na briga por causa da gratuidade dos serviços para o idoso e o deficiente e eles vão ficar sem esse benefício no transporte por aplicativo. Vai todo mundo para farra, vamos ficar a “Deus dará”. Se o ônibus não estiver cheio, não sai. O próprio empresário está querendo isso, está querendo mandar os funcionários embora. Os empresários têm uma carga tributária muito alta e querem ir para a clandestinidade, igual é o Buser e é por isso que não vieram na audiência pública da Assembleia Legislativa e enviaram representantes. Eles estão muito tranquilos, porque vão todos para a clandestinidade. É muito melhor não ter horário de ônibus, eles não vão andar com ônibus vazio mais e só vão sair quando tiver passageiro. Quem vai perder com isso é a população, que tem hoje ônibus que sai de Belo Horizonte às 5h45, às 6h, de hora em hora tem ônibus. Agora, só vai sair quando o ônibus estiver cheio. O governador vai pegar o dinheiro que seria usado na segurança pública, na saúde, na educação e vai devolver o dinheiro. No governo Anastasia votei no projeto que definia e pagava as concessões. Em Minas Gerais, todo mundo que tem transporte porque os ônibus que estão rodando pagaram uma concessão para o governo de Minas, e isso não foi explicado para a população, que quer preço baixo, sem regulamentação. Vamos virar uma cidade do México, um Panamá, vamos virar um estado onde não existe regulamentação do transporte. Todo mundo vai virar Buser no futuro. Todos vão para a ilegalidade. É isso que vejo hoje que o empresário quer. O cenário das empresas que estão regulamentadas é esse. Essas empresas estão querendo isso, porque não terão mais carteira assinada para ninguém, não terá que ter garagem de ônibus.

Desfazendo esse sistema atual para retomar depois é mais complicado?

Não volta mais, porque não temos nem segurança para cuidar disso. A polícia tem que correr atrás de bandido e ladrão e não vai correr atrás de transporte ilegal. A bandalheira chegou ao nosso estado. Nós tínhamos um transporte exemplar em Minas Gerais e agora vamos para a clandestinidade.

Falando de eleição, o senhor vai disputar mais um mandato no ano que vem ou vai buscar a vaga no Tribunal de Contas do Estado?

Coloquei meu nome para o Tribunal de Contas. De todos os nomes colocados, entre Sávio, Celise Laviola e Bechir, meu nome, pelos requisitos que tenho hoje, tem mais condições. Sou o mais antigo na Assembleia, dentro da política tive uma experiência de presidir à Câmara Municipal de Belo Horizonte, tive a experiência de dirigir todas as Comissões e de estar na Mesa da Assembleia em 5 mandatos consecutivos. Então eu coloco meu nome à apreciação de todos. Sempre defendi o parlamento estadual, tenho um bom relacionamento com todos os deputados e cabe a eles decidir. O voto é aberto e os 76 deputados, comigo 77, é que vão definir o próximo conselheiro do Tribunal de Contas. Nós pretendemos levar ao Tribunal de Contas a modernização, uma dinâmica nova.

Como o PDT vai ficar nas eleições?

O PDT vai disputar eleição e deve ter um candidato ao Senado. Na chapa majoritária nós vamos ver ainda como é que vai ficar. Temos um quadro grande para disputar com a chapa completa de deputado estadual e federal. Temos a obrigação de garantir um palanque bom para o Ciro Gomes. O presidente do PDT em Minas, Mario Heringer, já colocou seu nome à disposição e se for necessário ele deixa a disputa à Câmara Federal para ser candidato ao governo para abrir palanque para o Ciro.

Sobre futebol. Os estágios devem ser liberados sem restrições?

Já está liberado para os torcedores. O estado do Rio inovou ontem ao liberar 100% da lotação no estádio. No jogo do América a liberação foi de 30%, no jogo do Atlético também. Cabe agora ao governo de Minas fazer o que o governo do Rio fez, a liberação geral. Na Inglaterra tivemos jogo com liberação geral também. Estou na briga pela liberação desde o campeonato mineiro, quando pedi para liberar para os profissionais de saúde e o governo não quis. Agora já está na hora de aumentar essa capacidade nos estádios de Minas, afinal, a vacina está aí. Está na hora do governo repensar. No mundo inteiro as pessoas estão com o certificado que é apresentado nas estações, na porta dos eventos, dos bares, de tudo. Estive agora na Suíça, e sem o atestado ninguém entra nem em bar. (Foto reprodução internet)

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