O anúncio de que Minas pode a qualquer momento, declarar situação de calamidade pública por causa de suas dívidas assusta, mas, convenhamos, não chega a ser assim uma surpresa. Não é de hoje que se fala na dramática situação financeira do Estado mineiro, problema que vem se agravando com a postergação de ajustes e com a acentuada queda de receita causada pela crise de nossa economia. Como somos um estado exportador de commodities, sujeitos, portanto, às incertezas do mundo, e internamente, vítimas da má gerência da economia, que busca sempre as desonerações como forma de incentivar a exportação, ficamos, invariavelmente, na posição de coadjuvante na condução de nosso próprio destino. A eminência de uma situação de calamidade, anunciada pelo secretário Odair Cunha (foto), nome da estrita confiança do governador Pimentel, pode até ter um componente de chantagem, de pressão sobre o governo federal para se buscar logo uma renegociação da dívida que faça sobrar no caixa algum dinheiro suficiente, pelo menos, para pagar o salário dos servidores. Pode sim, ser uma forma de pressão, mas nada distante da realidade. Se está assim a situação do governo estadual imaginem dos municípios. E então, se confirmada a quebradeira é geral, o que acontecerá com a população? De quem irá receber os serviços básicos? Ouve-se aqui, lê-se ali e ficamos com a certeza de que nunca na história deste país a responsabilidade foi tão necessária. É indispensável que se acabe com o discurso fácil de alguns oportunistas que se dizem de esquerda. É preciso dizer ao povo a verdade. Ganhar eleições com mentiras dá no que deu agora. Nada do que se prometeu foi cumprido. Nada do que se vai prometer de benefícios mis será cumprido. A União já tinha reconhecido sua falência, não por sua vontade, mas pelas evidências. Agora, um a um, os estados reconhecem o mesmo. Logo, aberto o processo eleitoral deste ano, será a vez dos municípios. Porque então adiar este processo. Porque não trabalharmos logo para salvar o que der para salvar?