A semelhança dos opostos

Em política, nada é mais parecido do que os opostos. Duvida? Veja aí os discursos de Lula, Morales e Bolsonaro que, em tudo que os atinge, veem conspiração de opostos. Veja lá as semelhanças de comportamento espalhafatoso entre o hoje presidiário Sérgio Cabral, dançando em volta de uma mesa com guardanapos na cabeça, em Paris, e o governador do Rio atual, Wilson Witzel, aos saltos de símios, comemorando a morte, pela polícia de seu estado, de um sequestrador. Nada tão parecido com o ridículo. Aliás, a comemoração pública, e eleitoreira do governador, merece um rápido comentário. Sua festa particular, seguida por um assessor com filmadora, mostra que é preciso mais rigor na aprovação de um candidato ao cargo de Juiz, em qualquer nível. Witzel foi Juiz Federal. Tivesse ele sido submetido a um exame psicotécnico mais rigoroso, certamente não teria sido aprovado. O comportamento dele no episódio da Rio-Niterói mostra isto. Mas para sermos justos, o governador do Rio é apenas mais um nome entre os “línguas destrameladas” que passaram a dominar a política nacional. Sem citar nomes, para não incorrermos em injustiças de omissões e também para não atrair a ira dos “destrameladinhos” que formam as patrulhas de direita e esquerda- elas também são iguais - o país está cheio dos que se julgam no direito de falar o que lhes vem à boca, sem qualquer preocupação com as consequências internas e externas para a política e para a economia. Isto sem contar, claro, que os valentões, que usam as agressões verbais para firmar conceitos de firmeza e destemor, revelam despreparo para convívio político, além da falta de educação, aquela que se aprende em família. É hora de mudança. O país não pode seguir a sua escalada de radicalização com grupos rivais, e iguais em seus métodos, agindo para enganar o povo e atingir seus objetivos de poder. Destruir as instituições, como estão fazendo, não nos levará a lugar algum. O Brasil precisa sim de firmeza de atitudes e de convicção. Dispensa histerismo de despreparados.