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Agosto negro

Paulo César de Oliveira
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Devido às dificuldades enfrentadas pelos municípios, os prefeitos que presidem associações microrregionais se reuniram ontem (30) na Assembleia Legislativa de Minas para preparar um calendário de manifestações. A primeira será em Brasília, no dia 5, quando prefeitos de todas as regiões do país pretendem invadir a Praça dos Três Poderes. A segunda será no dia 13, na Cidade Administrativa. Lá tentarão discutir com o governador Fernando Pimentel uma pauta que inclui transferência de recursos do estado para os municípios. Na sequência, pretendem fechar as portas das prefeituras e bloquear rodovias, no dia 24 de agosto, no movimento que estão chamando de “Agosto Negro”, para tentar chamar a atenção do governo federal para as dificuldades enfrentadas pelos municípios. A Associação Mineira dos Municípios estima que 600, dos 853 municípios mineiros, participaram dos protestos.

 

Um país sem governo

Ontem, na abertura da reunião na Assembleia Legislativa, o presidente da Associação Mineira dos Municípios, Antônio Júlio (foto), prefeito de Pará de Minas, fez duras críticas ao Governo Federal e à presidente Dilma que, para ele, não assumiu até agora o governo, após ser eleita para um segundo mandato. Segundo ele, o país vive uma grave crise política, a maior que assistiu em 35 anos de vida pública. “O país está sem comando. A presidente terceirizou o seu governo, entregando a condução política para o vice Michel Temer, sem, no entanto, dar a ele autonomia para agir, e o comando da economia ao ministro Joaquim Levy que está no cargo para atender aos interesses dos banqueiros”. Para o presidente da AMM, todos os protestos são válidos, pois os prefeitos estão pressionados pela falta de recursos e pela ação do Judiciário e do Ministério Público que pressionam os municípios para o cumprimento de leis impossíveis de serem cumpridas –“na verdade eles estão governando o país” mas precisam ser melhor pensados para que surtam efeitos reais. “Até agora não conseguimos nada com nossa movimentação. Precisamos ter o senso da gravidade da crise atual, mas não podemos deixar de nos organizarmos melhor para buscar o atendimento de nossas necessidades”.

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