Domingo que vem é dia de urna. Vamos todos a elas para escolher prefeitos e vereadores num clima eleitoral gelado, pelo menos nas capitais e nas maiores cidades, com eleitores inteiramente desinteressados. Pode ser que nestes poucos dias que ainda restam de campanha, o eleitor resolva se mexer e prestar um pouco mais de atenção na disputa. Entusiasmar-se, podem ter certeza, ele não vai. Vai apenas cumprir a obrigação do voto, enjoado ou enojado, que está da política e dos políticos. Para piorar esta indisposição do cidadão, que em nada ajuda a democracia, o que mais se vê é candidato negando qualquer vinculação com a atividade, como se fosse possível administrar ou governar sem fazer política. Vamos mal. Pior ainda vai o chamado “campo das esquerdas” que, a se confiar nas pesquisas, sairá desta disputa reduzido a quase nada. O representante maior deste campo, o PT, ainda segundo as pesquisas, deverá conquistar uma, no máximo duas capitais de estados do norte. Perde as que governa nos estados maiores, inclusive São Paulo, a joia eleitoral cobiçada por todas as legendas, e perde também nas cidades maiores do interior. Caso isto se confirme, o PT começa o mesmo caminho trilhado pela velha Arena, virando partido de grotões. Belo Horizonte é um bom exemplo da débâcle do “campo de esquerda”, que comanda a cidade desde 1989 quando, representando o pensamento da social democracia, Pimenta da Veiga venceu a disputa pela prefeitura. Era o PSDB enfrentando as urnas pela primeira vez. Depois vieram Patrus Ananias (foto), pelo PT; Célio de Castro, pelo PSB; Fernando Pimentel, pelo PT, e Márcio Lacerda, pelo PSB. São quase trinta anos de domínio do chamado “campo da esquerda”, que agora está sob ameaça, ainda que o candidato do PSDB lidere as pesquisas, com passagem certa para o segundo turno. Mas já não se pode afirmar que a legenda esteja próxima do centro esquerda. Ao contrário, está na outra mão. Embora ainda não se possa falar em vencidos e vencedores na disputa municipal, ainda mais considerando que haverá um segundo turno em muitas cidades, a realidade é que todos precisam repensar suas posições. Mais ainda as esquerdas que apresentam, claramente, perda de espaço na confiança do povo. O discurso do “nós contra eles, nós honestos, eles desonestos”, já não encontra eco. Por mais que discordem os militantes e até alguns cientistas políticos.