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As festas passaram. É hora de trabalhar. Se o governo não atrapalhar

Paulo César de Oliveira
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Passado o Carnaval e a Semana Santa, falta apenas uma grande festa religiosa com potencial de esvaziar o Congresso. São as festas juninas que fazem desaparecer da Câmara e do Senado as bancadas nordestinas. Ai daqueles que não aparecerem em “suas bases” nas comemorações de São João! Bom, então se as festas passaram é hora de cada parlamentar se dedicar ao trabalho. Assuntos importantes nas pautas de discussão e votação é o que não falta. Importantes e polêmicos, como a reforma da Previdência e o projeto para a área de segurança do ministro Moro. A Previdência, que todos consideram o mais importante pelo impacto sobre a economia, não terá a profundidade que se esperava. Hoje o governo já admite ser necessário ceder. Sabe que integralmente o projeto não passa. E não é uma questão de acertos, de cargos e verbas. E que algumas medidas atingem diretamente os eleitores. Estas entram na janela da negociação e passam para uma segunda etapa da reforma. O governo já sabe que a meta de economizar R$ 1 trilhão em dez anos com a reforma da Previdência é inatingível e já se dá por satisfeito se conseguir cortar R$ 750 bilhões, o que não será fácil. O número mais real, para muitos, é R$ 675 bilhões, mesmo assim se houver empenho total do governo e se, mais difícil, o governo conseguir se articular politicamente. Desorganizado, sem liderança e diálogo, o governo até agora não tem maioria no Congresso e, ao que parece, tende a assistir o esvaziamento de seu grupo de apoio, muito embora o presidente Bolsonaro já tenha sinalizado que aceita a mesa do toma lá, dá cá. Mas ainda não obteve êxito. É uma questão de transmitir confiança aos parceiros que tenta arregimentar. Esta desconfiança deve se agravar. Matéria da Folha de São Paulo neste final de semana, mostrando que o governo trata como sigilosos os dados que embasam a PEC da Reforma da Previdência, causou insatisfação na base e na oposição. Os parlamentares estão questionando como votar sem saber se são verdadeiros os números usados para sustentar a necessidade da reforma. Esta dúvida poderá provocar novo adiamento na votação na Comissão de Constituição e Justiça, que é esperado para amanhã. Reverter o quadro de dúvida provocado pelo estranho sigilo dos números revelados pela Folha passa a ser essencial para que a PEC tenha andamento no Congresso, Primeiro na Câmara, depois no Senado. E olha que vêm aí as festas de São João. Outro desafio para o governo esta semana é desfazer o mal entendimento envolvendo, novamente, o reajuste do diesel. Quando parecia que o mercado aceitara as explicações de Bolsonaro e Paulo Guedes, que asseguraram não ter ocorrido ingerência do governo na política de preços da Petrobras, vem mais um arroubo juvenil de Onyx Lorenzoni que usa as redes sociais para fazer média com caminhoneiros. Com todas as letras afirma que o “governo colocou uma trava” na Petrobras. Traduzindo, o governo interferiu sim para impor adiamento do reajuste. E agora, como reagirá, o mercado?

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