A reforma tributária, a prioridade da área econômica do governo, deve dar mais um passo esta semana. Amanhã a Comissão de Constituição e Justiça do Senado coloca o projeto para discussão. É o único colegiado a examinar a proposta antes que ela seja levada a plenário. O governo sabe que corre risco de derrota, com a reforma, tida pelos governistas mais afoitos como de salvação nacional, ficando mesmo para o ano que vem. Afinal o texto a ser apreciado pela CCJ amanhã já é uma proposta alternativa, da lavra do relator Eduardo Braga- MDB-AM – que tem sérias restrições nas áreas política e econômica do país. “Existem 700 emendas apresentadas. Não dá para dizer que tem um acordo. Ainda vai haver muita discussão. É uma matéria que tem muitos interesses” avisou o senador relator que considera ainda em construção um acordo sobre o tema. E este acordo dificilmente sairá dentro do que pretende e no prazo desejado pelo governo. Uma reforma que mexe tanto com a economia não é mesmo fácil de ser construída. Envolve muitos e conflitantes interesses da sociedade e do governo. E o governo Lula não tem agido politicamente para construir um consenso. Bem ao contrário com ações e discurso Lula tem criado dificuldades para a aprovação da reforma, deixando mal, em várias ocasiões, sua equipe econômica. O presidente não tem agido, diferentemente do que fez nos mandatos anteriores, nem mesmo para construir uma base parlamentar confiável, preferindo adotar o “é dando que se recebe” que tanto combateu em outras épocas. Na verdade, o presidente é hoje refém de um grupo de parlamentares que exigem benesses- cargos em especial- em troca de apoios às propostas do governo. Lula já não tem a paciência para conversar, articular. Levantamento publicado ontem mostra que o presidente teve, ao longo deste ano, 21 agendas com parlamentares. No mesmo período Bolsonaro teve 349. O presidente tem dado preferência ao debate de assuntos internacionais. Visitou ao longo do ano 21 países e, no mesmo período, esteve em apenas 15 estados brasileiros, em viagens curtas. Em Minas ainda não esteve. Optou por ser cidadão do mundo. Isto talvez explique as dificuldades políticas vividas pelo governo. (foto/reprodução internet)