Até aqui ninguém mostrou merecer o voto

Faltando muito poucos dias para irmos às urnas, a sensação é de que o país marcha, com firmeza, para trás. Não há nada nesta campanha que possa justificar a escolha de um candidato. Ao contrário. Por tudo que disseram até agora, nenhum candidato, merece ser votado. O eleitor só está envolvido nesta disputa pelo seu radicalismo, pelo “nós contra eles”. O que se percebe é que retrocedemos de uma forma violenta. Verdade que não chegamos a caminhar muito adiante. Nunca fomos de debater propostas de candidatos e sempre acreditamos no canto da sereia dos que são mais capazes de iludir de, em palanque, prometer o impossível e jurar que é fácil fazer. Não fizeram antes por serem comprometidos com os interesses das classes dominantes. Mas agora pioramos. O ambiente eleitoral de hoje nos faz lembrar as disputas de logo após o fim da ditadura militar. As disputas entre o bem e o mal, em que o bem somos nós que queremos governar para os mais pobres e o mal, eles, violentos, radicais, capazes de tomar brinquedos das mãos de crianças. Ou o bem somos nós que queremos privatizar tudo, fechar ministérios- sem indicar quais-, armar pessoas, promover o desenvolvimento, e o mal, eles, que querem tudo nas mãos do Estado e distribuir riquezas antes de criá-las. É exatamente o que se vê. É em cima destes discursos que o povo, sem conhecer e, pior, sem querer conhecer, a realidade do país, está fazendo suas escolhas. Trabalhando com verdades que criou, ou assimilou de quem melhor engana, sem buscar debater e, a partir daí tirar suas conclusões. Nós eleitores, em nossa marcha da insensatez (desculpem a citação) vamos armando o nosso futuro com base no nosso passado sombrio, um tempo em que não se podia discutir. Ou se era contra ou a favor. Mas pelo menos, é forçoso reconhecer, tínhamos gente melhor, contra e a favor. Hoje é de desanimar. Mas, como dizem que Deus é brasileiro, quem sabe tudo muda nestes dias. Mas será preciso mudar tudo e isto, convenhamos, é impossível. É até melhor não. Seria correr muito risco.