É hora, ou está começando a passar da hora, de encararmos com seriedade os nossos problemas. De descermos dos palanques e começarmos a enfrentar com firmeza os nossos problemas. Quem se eleger em 2022, não interessa representante de qual via, terá sérias dificuldades para governar. Não há quem consiga governar sem um pacto com a sociedade, um país com tantas desigualdades. Não há economia sem consumo- vejam, não falo em consumismo- e não há consumo sem renda. Os números de uma pesquisa da consultoria IDados, divulgados na semana passada, deveriam ter feito soar o alarme para a turma do palanque e para a turma que se preocupa apenas em ganhar. Somos 30,2 milhões de brasileiros, ou perto de 34% dos assalariados, vivendo com uma renda do trabalho de R$ 1.100,00 – salário-mínimo- insuficientes para sustentar uma família. Hoje, segundo o DIEESE, para atender as necessidades de uma família e o que determina a Constituição, o mínimo deveria ser de R$ 5.583. Não conheço outros números de faixas salariais, mas me arrisco a dizer que mais de 60% dos assalariados no país têm remuneração inferior ao mínimo do mínimo necessário para que uma família tenha uma vida minimamente digna. Bom, e nós estamos falando em assalariados que têm alguma renda. Nem tocamos nos mais de 14% de brasileiros desempregados e nos outros milhões subempregados. Talvez isto explique o alto nível de endividamento de nosso povo. Sou leigo, sim, talvez por isso, fico sem entender como ainda há os que insistem no otimismo populista de que vamos bem e que temos tudo para crescermos aceleradamente. Não, não temos tudo. Temos sim muito do que é preciso para o país ter uma economia forte. Há segmentos que são exemplos para o mundo, mas em outros estamos ainda na idade da pedra lascada. E assim não há como crescer de forma consistente. Pense nisto. Sem pessimismo, mas com realismo. (Foto reprodução internet)