Aviso aos políticos: o povo começa a ser protagonista da história

São preocupantes os últimos episódios de confronto entre segmentos da população e as casas Legislativas. Não que eles sejam propriamente uma novidade. Eram, até recentemente, comuns, mas envolvendo militâncias partidárias disfarçadas de movimentos sociais. A invasão e quebra-quebra da Assembleia do Rio de Janeiro no inicio da semana, a ocupação do plenário da Câmara Federal e os confrontos à diante das Assembleias Legislativas do Rio e de Belo Horizonte, ontem, mostraram uma nova face dos manifestantes. São cidadãos comuns, em sua maioria, por enquanto, servidores públicos, dispostos a lutar contra escalonamentos de salários e mudanças na Previdência e, logicamente, mostrar indignação diante do quadro de corrupção generalizada no país. Ontem, em Belo Horizonte, o deputado petista Paulo Guedes (foto), de muita valentia e agressividade em plenário, dimensionou mal seu exibicionismo e desafiou os participantes de movimentos reivindicatórios e políticos que se postaram diante da Assembleia. Fez gestos obscenos e chamou para a briga o grupo. Acabou agredido e salvo por seguranças do Legislativo. A agressão ao parlamentar mostra que os grupos de protestos não têm uma liderança que os controle. Mostra também que estão ali dispostos ao enfrentamento. Há quem entenda que estes enfrentamentos são inevitáveis e que terão o papel de fio condutor das mudanças que o país reclama. Pode ser, mas são preocupantes exatamente por não terem uma liderança, o que deixa um campo aberto para aventureiros. É bom ter calma, o que não significa não participar, não protestar. A calma que se pede é para que não se coloque as instituições em risco. Por pior que elas sejam.