O cancelamento da entrevista de Jair Bolsonaro (foto: Tânia Rego/Agência Brasil) não foi um detalhe médico. Foi um gesto político. Autorizada por Alexandre de Moraes e aguardada como a primeira fala pública desde a prisão, a conversa virou campo minado dentro do próprio bolsonarismo. O motivo real: falar agora significaria escolher — e escolher cedo demais. O senador Flávio Bolsonaro apostava na entrevista como rito de unção para 2026. Mas a resistência veio de onde menos convém ignorar: Michelle Bolsonaro e os advogados. Para eles, uma declaração explícita tornaria irreversível uma candidatura ainda incerta e juridicamente arriscada. Além disso, enfraqueceria a estratégia de defesa baseada em saúde e prisão domiciliar. O silêncio, portanto, não é fraqueza. É cálculo. Ao evitar a entrevista, Bolsonaro preserva margens de manobra, mantém aliados em suspenso e sinaliza que o apoio ao filho não está dado — nem garantido.












