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Bolsonaro é criticado até por aliados

Paulo César de Oliveira
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A declaração do presidente Jair Bolsonaro em relação ao pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz (foto), desaparecido em 1974 durante a ditadura militar, acabou por causar um descontentamento generalizado, até entre os seus aliados. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), considerou inaceitável que um presidente da República se manifeste da forma em que Bolsonaro se manifestou. Para Doria, foi uma declaração infeliz. Doria lembra que é filho de um de um deputado federal cassado pelo golpe de 1964 e que viveu no exílio com o pai, que perdeu quase tudo na vida em 10 anos de exílio por causa da ditadura militar.

 

A versão de Bolsonaro

Diante da polêmica que causou, o presidente Jair Bolsonaro usou a sua rede social para dizer que o pai de Fernando Souza Cruz não foi morto pelos militares, mas pelos próprios colegas do grupo de esquerda do qual ele participava, o Ação Popular. Ele ainda questionou “se os militares eram tão maus assim, por que entregamos o poder em 85 à oposição?”

 

Ministério desmente Bolsonaro

A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, vinculada ao governo, emitiu uma retificação de atestado de óbito de Fernando Santa Cruz, na semana passada, na qual reconhece que sua morte ocorreu “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado Brasileiro”. A retificação foi emitida apenas cinco dias antes de o presidente Jair Bolsonaro atacar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e colocar em dúvida a versão de que seu pai, Fernando, foi morto pelas Forças Armadas. Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ao qual a Comissão é vinculada, o atestado de óbito foi emitido pela Comissão e está “em trâmite o encaminhamento de petição da família ao cartório”. “Caso o assento seja retificado até a data de 26 de agosto de 2019, a Comissão planeja entregar a Certidão à família nesta data, na cidade de Recife/PE”, diz a nota da assessoria de imprensa da pasta. No atestado de óbito, também consta que Fernando Santa Cruz morreu provavelmente no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de Janeiro, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985, diz o documento.

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