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Brasília vive especulações e expectativas com a morte de Teori

Paulo César de Oliveira
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Antes mesmo de se refazer do susto pela morte do ministro Teori Zwascki, em acidente de avião na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro, os meios políticos e jurídicos de Brasília começaram a debater os rumos os processos da Lava Jato que já chegaram ao Supremo Tribunal Federal e que estavam sendo relatados pelo ministro. Teori e uma força tarefa de assessores do STF estavam debruçados sobre as delações dos executivos da Odebrecht e a expectativa era de que logo na retomada dos trabalhos do tribunal, em fevereiro, o ministro homologasse o acordo de delação. As especulações são quanto ao novo relator e se, como de praxe no tribunal, nos casos de aposentadoria, os processos que estavam com Teori (foto) serão repassados ao seu substituto, ou se haverá uma redistribuição entre os membros atuais da Corte, evitando assim a paralisação de todos eles. A decisão de redistribuir os processos pode ser tomada pela ministra Cármen Lúcia considerando que há réus e investigados presos que seriam prejudicados com a paralisação dos trabalhos da Lava Jato até a indicação, e aprovação pelo Senado, de um novo ministro para substituir Teori Zavascki, no STF desde 2012, indicado por Dilma Rousseff. A precisão, em Brasília, é de que o presidente Temer terá uma grande dificuldade política para fazer a indicação, o que vai afetar ainda mais o julgamento da operação que apura corrupção nos governos Lula e Dilma.

 

Teoria da conspiração

Nas redes sociais, muitos internautas questionaram se foi um acidente ou queima de arquivo a queda do avião com o ministro Teori Zavascki. Isso porque o ministro iria homologar as delações premiadas dos executivos da empreiteira Odebrechet no retorno do recesso do Judiciário, na próxima semana. Para alguns, o acidente foi devido a energia ruim, outros postaram que os “maus ganharam mais uma vez” e tem aqueles que avançam com afirmações que vão desde “destruíram a democracia e a Constituição, para estancar a Lava jato. Porque não imaginaria que também matariam um juiz ou um ministro do STF?”. Entre as teorias, ainda apareceram aquelas ligando as mortes de Teori Zavaski a de Celso Daniel, do ex-governador Eduardo Campos e até dos diretores do Bradesco.

 

Um alerta registrado que alimenta as especulações

Em 23 de maio de 2016, às 23:06, Francisco Zavascki, filho do ministro Teori Zavascki, afirmou em sua página no Facebook que, se algo acontecesse a alguém de sua família, isso poderia ter relação com a Lava-Jato. Aqui a nota na íntegra:“É óbvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato. Penso que é até infantil que não há, isto é, que criminosos do pior tipo (conforme MPF afirma) simplesmente resolveram se submeter à lei! Acredito que a Lei e as instituições vão vencer. Porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar…! Fica o recado!”

 

Delegado federal quer investigação

O delegado da Polícia Federal, Marcio Adriano Anselmo, um dos principais investigadores da Operação Lava Jato no Paraná, questionou as circunstâncias do acidente: “a morte do ministro Teori Zavascki na véspera da homologação da colaboração premiada da Odebrecht, deve ser investigada a fundo”. Na página que mantém no Facebook, o delegado ainda afirmou que o “acidente”, escrito entre aspas, é o prenúncio do fim de uma era. O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais), Roberto Veloso, divulgou nota em que também cobrou investigação sobre a queda do avião. “Os juízes federais brasileiros estão consternados com a prematura morte do ministro Teori Zavascki. O Supremo Tribunal Federal e o Brasil perdem um magistrado culto, sério, honesto e cumpridor de seus deveres. Diante das altas responsabilidades a ele atribuídas, em especial a condução dos processos da Lava Jato no STF, é imprescindível a investigação das circunstâncias nas quais ocorreu a queda do avião em que viajava”.

 

Dono do Hotel Emiliano é mineiro

Pouca gente sabe que o empresário Carlos Alberto Filgueiras, dono do hotel Emiliano, que estava no mesmo voo do ministro Teori Zavascki, é mineiro de Belo Horizonte, e sua primeira mulher Mirna Loy é nascida em Montes Claros, hoje radicada em São Paulo e irmã do cirurgião plástico Sebastiao Nelson Guerra. O avião que caiu ontem perto de Paraty. Teori Zavascki e Carlos Alberto Filgueiras se tornaram amigos quando Teori ia a São Paulo com sua mulher para um tratamento de saúde e se hospedava no Emiliano. Além do empresário, que era também proprietário do avião, a polícia identificou oficialmente o outro morto, o piloto Osmar Rodrigues e tentava encontrar os corpos de duas mulheres também vítimas do acidente.

 

Choro e tristeza no gabinete do ministro

A notícia da morte do ministro Teori Zavascki foi recebida com tristeza e indignação pelos funcionários de seu gabinete, no terceiro andar do prédio anexo ao STF. Ele era o relator do processo da Lava Jato no Supremo e os assessores e servidores que trabalhavam com ele não escondiam a tristeza e o choro. A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia estava chegando em Belo Horizonte para acompanhar o pai, que está doente, quando foi informada do acidente. O avião King Air, prefixo PR-SOM, que levava o ministro, saiu do aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, às 13h, com destino ao aeroporto de Paraty, quando caiu. Caberá ao presidente Michel Temer indicar o nome que vai assumir a vaga. O corpo do ministro será velado no Supremo Tribunal Federal e o enterro será em Santa Catarina ou em Porto Alegre, como indica a família.

 

Moro ficou perplexo

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, ficou perplexo com a morte do ministro. Para ele, “Teori Zavascki foi um grande magistrado e um herói brasileiro, exemplo para todos os juízes, promotores e advogados deste país. Sem ele, não teria havido Operação Lava Jato. Espero que seu legado de serenidade, seriedade e firmeza na aplicação da lei, independentemente dos interesses envolvidos, ainda que poderosos, não seja esquecido”. Os procuradores do Ministério Público Federal, que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato, também lamentaram a morte de Teori Zavascki. Os investigadores lembraram a trajetória do ministro como magistrado e professor de Direito. Ontem o presidente Temer decretou luto oficial de três dias.

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