A Comissão Especial do Impeachment no Senado começa a trabalhar hoje. Ontem foram eleitos em votação simbólica seus 21 membros efetivos e 21 suplentes, indicados pelos partidos e blocos partidários da Casa. Um terço dos efetivos é investigado pelo Supremo Tribunal Federal, quatro deles por citações na Operação Lava Jato. Na reunião de ontem a base aliada da presidente Dilma tentou levantar questões que poderiam atrasar o andamento do processo na comissão, sem alcançar êxito. Um dos questionamentos apresentados foi quanto ao julgamento conjunto da presidente e de seu vice, Michel Temer. Por determinação do STF, a Câmara dos Deputados deverá abrir um processo contra Temer baseado nas mesmas razões que sustentam as acusações contra Dilma. Segundo ação proposta por um advogado mineiro, o vice-presidente, em suas interinidades, também assinou decretos alterando o orçamento e, como a presidente, cometeu crime de responsabilidade. Ontem o advogado voltou à carga pedindo que o STF obrigasse o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, a abrir imediatamente o processo contra Temer, sob risco de ser obrigado ao pagamento de uma multa de R$ 3,3 milhões por protelação no cumprimento da determinação. Desta vez, perdeu. O ministro Marco Aurélio não acolheu o pedido afirmando não enxergar atitude protelaria da Câmara. Também não prosperou no Senado o julgamento conjunto, rejeitado pelo senador Renan Calheiros. Para a sessão de hoje, quando serão escolhidos presidente e relator da comissão, os petistas e senadores de outras legendas que apoiam a presidente já se armaram para nova polêmica. Vão arguir a suspeição do mineiro Antônio Anastasia (foto) para ser relator do processo. Defendem a escolha de alguém de outro partido que não faça oposição ao governo, argumentando que Anastasia certamente fará um relatório pelo impeachment por estar comprometido com a ação do PSDB, o maior partido de oposição a Dilma no Congresso. Para o líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima, a objeção petista tem duas razões. Uma de atrasar o andamento do processo e outra uma implicância sem sentido com o mineiro. “A argumentação não tem sentido. Você pode até encontrar outro senador, de qualquer partido, com a mesma competência e seriedade de Anastasia. Pode encontrar igual, mais não. Ele é a pessoa certa para o cargo”. Se há contestações ao nome do relator, o presidente não encontra resistências. Será mesmo Raimundo Lira, da Paraíba que, para evitar polêmicas, já avisou que dará à defesa e aos que propuseram o impeachment o mesmo tempo de tribuna na comissão. Quer evitar a alegação de cerceamento da defesa. A disposição da base de impedir a escolha de Antônio Anastasia, alegando sua parcialidade, chegou às redes sociais, com a provocação dos tucanos. “Vocês não querem o Anastasia? Tudo bem. Temos outro nome a indicar. O do Ronaldo Caiado. Tá bom assim?”