Tinha razão o Dr. Ulisses quando dizia que a cada eleição, o cenário político brasileiro piora. Para que, como eu, acompanha de perto a vida política do país, é assustador ver a qualidade dos eleitos em todos os níveis de Poder. Isto acaba refletindo também nos outros Poderes, cujos membros são resultado de escolhas políticas. O episódio envolvendo o deputado estadual paulista, Arthur do Val (foto) – como se elege alguém com o apelido Mamãe Falei – que em um comentário idiota – qualificar a fala como sexista é sofisticar a imbecilidade – disse as mulheres ucranianas são fáceis porque são pobres, mostra não apenas o nível de nossos políticos, mas de nossos cidadãos. É preciso assumir a culpa: ninguém chega lá sem voto. E o voto somos nós que depositamos na urna. Fazemos as escolhas sem analisar a qualidade do candidato, seu pensamento, seus compromissos. Votamos em alguém sem pensarmos na sua atuação política. Não vou citar ninguém, pois são tantos os ruins que corro o risco de cometer injustiças, não com os bons que podemos contar nos dedos, mas com os péssimos. Para sermos justos, a baixa qualidade na política não é apenas nas terras descobertas por Cabral. A crise na Ucrânia mostra um mundo à deriva, sem lideranças de pesos capazes de conter os avanços dos desvairados, que ousam, apostando no medo dos que têm receios das irresponsabilidades daqueles que usam a violência como forma de ascender e se manter no poder. São assim os que têm volúpia pelo poder. Avançam e se não contidos ou contestados, alargam seus passos ou, como diz o poema de Eduardo Alves da Costa, “na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada… até que um dia o mais fraco deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta”. E o mundo vai perdendo a sua voz-. Por medo, aliena-se e se deixa dominar por falsos mitos que sabe manipular quem possa ajudá-lo em seu poder. E muitas vezes nem precisam fazer uso das armas que insiste em tornar acessível a todos. Usa, sem escrúpulos uma arma de profunda letalidade intelectual, as redes sociais, espalhando mentiras, desmoralizando com falsas informações quem possa lhes fazer frente. Promovem o mal e provocam a alienação do povo, abrindo espaços de poder para os despreparados pela ausência dos bons. Hoje estudos indicam que 5,4 bilhões de pessoas no mundo têm acesso a internet e 86% delas- no Brasil o índice é um pouco mais elevado- acompanham redes sociais e se informam através delas, sem qualquer preocupação com a qualidade do que lhes é passada. É assim que muitos escolhem em quem votam. E assim que criamos ditadores e assaltantes dos cofres públicos. (Foto reprodução internet)