Foi uma derrota bem maior do que se esperava. Surpreendentemente 450 deputados votaram pela cassação do mandado de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar. A acusação foi de ele ter mentido à CPI da Petrobras, negando ter contas bancárias no exterior, o que acabou sendo desmentido pelas apurações. As previsões mais otimistas indicavam que Cunha (foto) perderia o mandato com os votos de até 360 deputados de todos os partidos. Dez parlamentares votaram contra e nove se abstiveram enquanto 42 se ausentaram. Terminada a votação a mesa leu a resolução que cassa o mandato do peemedebista que está sendo publicada hoje no Diário Oficial. Foram cinco horas de sessão, com uma interrupção de uma hora determinada por Rodrigo Maia, presidente da Câmara, à espera de parlamentares para aumentar o quorum que era baixo no início. Retomada a sessão foi lido o parecer da Comissão de Ética que propunha a cassação. Eduardo Cunha fez sua defesa na tribuna e depois permanece de pé, à frente do plenário, ouvindo passivamente os discursos de parlamentares que defendiam sua cassação com pesadas acusações de corrupção. Ele foi acusado também de ser o responsável pelo impeachment da presidente Dilma. Proclamado o resultado, Eduardo Cunha, acompanhado de poucos apoiadores, deixou o plenário sob gritos de “fora Cunha” e “tchau querido”.
Promessa: um livro de detalhes
O agora ex-deputado, em entrevista logo após deixar o plenário, atribuiu a um acordo envolvendo o presidente Michel Temer, o presidente da Câmara Federal que o substituiu, Rodrigo Maia, e o PT, a cassação de seu mandato. Para ele, foi um ato político previsível. Ele considera que se transformou num troféu cobiçado pelo PT que o culpa pelo impeachment. Ao contrário do que se especulava, Eduardo Cunha não fez qualquer declaração bombástica envolvendo outros políticos. “Eu não tenho nada a revelar sobre ninguém”, garantiu. Mesmo assim, ele anunciou que vai escrever um livro para contar tudo sobre o impeachment, mostrando inclusive a atuação de cada um de seus atores. Perguntado se tinha gravado as conversas respondeu, com um sorriso, que não precisava. “Tenho boa memória”. Com a cassação de Eduardo Cunha assume o mandato o peemedebista José Augusto Nalin, dono de uma rede de shoppings populares no interior do Rio de Janeiro.
Cassação de Eduardo Cunha faz deputados candidatos voarem para Brasília
Os deputados federais mineiros que disputam a prefeitura de Belo Horizonte viajaram ontem para Brasília para participar da sessão de cassação do mandato do ex-presidente da Câmara Federal deputado Eduardo Cunha (foto). Os deputados Eros Biondini (PROS), Reginaldo Lopes (PT), Luiz Tibé (PT do B), Rodrigo Pacheco (PMDB), Marcelo Álvaro Antônio (PR) e a deputada Jô Moraes (PC do B), que é vice na chapa do PT, temem que o eleitor não perdoe uma ausência em um momento tão importante na política brasileira, com um personagem que para o PT, foi o responsável pela saída da ex-presidente Dilma do governo. O eleitor, que está entre o amor e o ódio por Cunha, quer saber o voto dos parlamentares candidatos, em relação ao tema. Se gostou, ou não, os deputados só vão saber nas urnas, em outubro.