Quando passar o atual estado de decepção e tristeza dos bolsonaristas e for recuperado o ânimo para enfrentar a nova realidade, cabe a eles fazer uma reflexão acerca das causas que levaram à eleição de Lula. O escamoteamento deliberado da realidade fazia com o presidente rechaçasse seus desmandos chamando de esquerdista àqueles que o criticavam, sem sequer analisar os fatos que aconteciam. Ao cair na realidade vão perceber que todos os acréscimos patrimoniais de seus familiares foram rebatidos com o argumento fajuto de que os roubos do PT foram muito maiores. Tudo isso, sem falar nos rompantes presidenciais, destituídos de lógica ou de veracidade, com a alegação simplória de que ele era assim mesmo, que não tinha papas na língua e que era direto e não ficava dourando a pílula. Quando o “mito” negou a eficácia das vacinas e defendeu a cloroquina, em vez de buscar informações científicas, seus seguidores procuravam na internet alguma postagem, ainda que duvidosa, que desse razão a Bolsonaro.
Aduladores
Ao receberem Bolsonaro aos gritos de Mito, seus seguidores nunca questionaram os rumos de seu governo, com críticas ou sugestões de melhorias. Simplesmente a ele se rendiam engrossando o grupo de aduladores que aderia alegremente às motociatas, com direito às “selfs” para serem postadas nas redes sociais. Entorpecidos, alimentaram a ilusão de que jamais haveria o retorno de Lula à presidência em um embate com Bolsonaro, enquanto difundiam a falsa percepção de que as urnas eram, deliberadamente, fraudadas. Esses mesmos fãs submissos sempre arrumavam desculpas esfarrapadas para justificar as quebras de promessas feitas por Bolsonaro na sua campanha eleitoral de 2018, além de justificarem os desmandos dos ministros e demais auxiliares de Bolsonaro. Por último, transformaram em inimigos os auxiliares diretos do imbrochável, que dele discordaram e abandonaram o governo. Deu no que deu.
Tendências futuras
Com o horizonte das eleições de 2024 (municipais) e 2026 (gerais), a direita vai se reagrupar com o intuito de resgatar o eleitor moderado que foi perdido para o bolsonarismo em uma plataforma econômica liberal. Já o centro planeja uma reengenharia partidária para projetar novas lideranças fora da órbita do PT. O desejo de quebrar a polarização também mobiliza organizações e articulações da sociedade civil que buscam pontos de convergência e uma agenda além da defesa da democracia. O bolsonarismo vai tentar manter sua hegemonia antipetista. Após permanecer neutro no 2° turno, o União Brasil negocia formar uma federação com o PP. Esse consórcio teria mais influência na disputa pela presidência da Câmara e cargos nas comissões do Congresso, mas também entraria junto nas disputas municipais. (foto/reprodução internet)