Isolado e com Covid-19, o governador de São Paulo, João Doria (foto), participou virtualmente ontem no Conexão Empresarial 20/21, e ressaltou o momento difícil do país que passa, segundo ele, pela maior tragédia de saúde da sua história. Todos têm que defender a democracia. Ele criticou as declarações polêmicas de militares no governo e as ameaças às eleições do ano que vem. Segundo Doria, durante esses dois anos e meio de governo Bolsonaro, houve uma ocupação de empresas públicas, com generais, coronéis e outros militares. “O Brasil é país livre, democrático, será que só os militares são gestores de governo” questionou, para comparar o aparelhamento feito no governo Lula com esquerdistas e com a invasão de ideólogos de direita e militares. Mas ele disse que “tudo isso vai acabar pela democracia, o mesmo voto que elegeu esse maluco vai tirá-lo, defendo a renovação da classe política. Uma única eleição em cinco anos, sem reeleição. O Brasil não pode parar por causa de eleição, e nem ter tantos recursos gastos em eleições. Uma vez a cada cinco anos basta para acabar com esses sucessivos erros. Viva a democracia”. A democracia tem que ser defendida em encontros, conferências, nas ruas por todos. Doria criticou as falas como a do general Braga Neto, em recado ao presidente da Câmara, ameaçando as eleições do ano que vem caso sejam com urna eletrônica. “Nada disso Braga Neto. O Brasil é maior do que o senhor e do os que querem um regime autoritário. Teremos eleições com urnas eletrônicas, as mesmas que elegeram Jair Bolsonaro”.
Reforma política
João Doria disse que vai disputar as prévias do PSDB no dia 21 de novembro. “Disputei as duas únicas prévias no Brasil no PSDB, para prefeito e governador de SP. Vencei, não era o favorito, vencei a eleição de SP, em uma eleição dura. Lula estava livre, não estava preso e Dilma presidente ajudando. Venci outros 11 candidatos no primeiro turno”. Doria se diz um otimista por natureza e lembrou que quando convidou Bruno Covas para ser seu vice, muitos o criticaram. Mas essa aliança foi uma prova de que a disputa não separa as pessoas, ela une. Bruno Covas disputou com ele a indicação do partido. Outra máxima que foi dita a ele, foi a de que chapa única não vence eleição e eles saíram vencedores na disputa. “O mesmo calça justa, coxinha, que desagrega, venceu as prévias na disputa ao governo de SP”. Doria foi eleito com apoio de 13 partidos. Segundo ele, “assim faremos nas prévias, construindo um projeto para o Brasil e para todos os brasileiros. Perdemos o orgulho pelo Brasil tamanho os equívocos que causaram a morte de tantos brasileiros. O Brasil vai voltar a crescer a partir de 2023, voltar a ser um país líder, pacífico e onde todos os brasileiros tenham oportunidade”.
Uma gripezinha
Metade das pessoas que morreram vítimas da Covid-19, segundo ele, poderia estar viva se tivesse governo com compaixão, competência. Doria lembra o descaso com que o presidente Jair Bolsonaro tratou a Covid-19 como “uma gripezinha, a bobagenzinha” que matou mais de 470 mil brasileiros, mortes que poderiam ter sido evitadas se o governo federal tivesse comprado vacina em vez de cloroquina. O Brasil, segundo o governador de São Paulo, foi abandonado. Doria também mostrou-se indignado com as declarações do presidente Bolsonaro insinuando que o Instituto Butantan fez compra superfaturada de vacinas. Para ele, é preciso fazer um enfrentamento a ele por todas as pessoas de bem, “Temos um pária que levou o país a ser desqualificado mundialmente. Durante o evento, Doria elencou uma série de ações que colocaram o país na lista negra internacional, como a destruição da floresta Amazônica, devido a política ambiental, que levou o país a perder fundos importantes. Ele também criticou a falta de compromisso para com a Operação Lava Jato e acusou o presidente Bolsonaro de ter usado o ex-ministro Sergio Moro apenas para se eleger. Para Dória “triste país que acha que rachadinha faz parte da vida. Ela é crime e péssimo exemplo para o país” ao se referir as denúncias que pesam contra Flavio Bolsonaro e o próprio presidente. Dentre as perdas no atual governo, Doria entende que o país regrediu 10 anos na educação conduzida por quatro ministros, “cada um pior do que o outro” e com a paralisação dos projetos culturais e os ataques feitos à imprensa. “Um governo que se dizia liberal e que seria mais Brasil e menos Brasília, fez exatamente o contrário”, provocando a saída do mineiro Salim Mattar e de muitos outros do governo por terem se decepcionado. “As privatizações da Eletrobras e dos Correios não aconteceu, houve um “arremedo de privatização em modais de transporte”. Doria também criticou as promessas não cumpridas pelo ministro Paulo Guedes e as dificuldades enfrentadas por estados e municípios devido a política adotada pelo governo federal. A proposta tributária apresentada pelo governo no Congresso Nacional é flagrantemente contra estados e municípios, segundo ele.. Doria entende que quem gera riqueza é o setor produtivo, não é o governo. Mas a reforma apresentada não apoia setor o privado”. Além disso, no seu entendimento, “esse é um governo sem credibilidade, que está propondo uma reforma. O governo está comprometido com centrão, que só pensa nos seus interesses eleitorais e políticos”. Por isso, Doria não acredita em uma reforma tributária o que só deve acontecer em um novo governo “dialogando com o setor produtivo”.